O
novo regulamento para as equipas B (ou clubes com mais do que uma equipa por escalão)
foi já abordado na blogosfera. Urge, no entanto, discutir esta questão mais
incisivamente e sobretudo reflectir o papel dos clubes neste processo.
Uma
vez mais a Federação, na minha opinião, dá sinais de falta de competência. Esta
modificação regulativa é desadequada para a realidade do nosso andebol, com a
agravante de ter acontecido num tempo dúbio. Não esqueçamos que esta alteração
acontece, coincidentemente, depois de alguns clubes terem prevaricado ou
contornado o regulamento anterior com a utilização indevida de atletas da
equipa A na equipa B (clubes esses que não foram punidos).
A
criação das equipas B aconteceu, presumo, com o objectivo de captar mais
atletas para a modalidade, aumentar o sucesso na selecção de talentos e também
como ferramenta pedagógica de formação, tudo isto, sem comprometer a verdade
desportiva.
Neste
sentido, o novo regulamento levanta desde já dúvidas no plano ético. Será justo
um clube possuir dois clubes na mesma divisão? Depois, todos os outros
objectivos são postos em causa, principalmente o mais importante, a componente
pedagógica. Vejamos exemplos práticos.
- Um escalão de iniciados de um clube com 24 atletas e com direito a participar no campeonato nacional dificilmente criará uma equipa B. Com este modelo o clube fica demasiado exposto à mínimo erro. Se tiver um conjunto de atletas lesionados, indisponíveis ou que desistam ficam sem quórum. O que acontece é que o treinador começa a excluir atletas porque não consegue gerir um plantel tão grande para uma equipa só. Os atletas desistem. No modelo antigo isto não acontecia. O clube inscrevia o mínimo de atletas na equipa A e ia gerindo a idas dos atletas da equipa B à equipa A. O facto de todos os atletas terem mais oportunidade de jogar fazia com que se criasse uma sinergia propícia à entrada de novos atletas.
- Como sabemos o escalão de infantis é premente a muitas entradas de novos jogadores. Imaginemos que o clube x decide fazer duas equipas. Os treinadores são obrigados a fazer a divisão. Ao longo do ano começa-se a observar que alguns atletas da equipa B começam a evoluir e a chegar ao nível dos da equipa A. O treinador neste caso fica impedido de o fazer transitar para um ambiente mais adequado ao seu nível. O mesmo principio se aplica para o treinador que pretende castigar um atleta seu ou premiar um da equipa B. Outro exemplo, se dois ou três jogadores dos infantis A desistem, o clube não os pode substituir por outros atletas da equipa B. Tem que integrar dois ou três jogadores sem qualquer tipo de experiência na equipa mais competitiva.
Este
regulamento não serve se o objectivo é ter mais e melhor formação justamente
porque subverte os objectivos da criação das equipas B. Compreendê-lo-ia única
e exclusivamente caso houvesse em Portugal 20 clubes magistrais a trabalhar a
formação e que tivessem uma segunda equipa no escalão com um nível muito
superior às restantes equipas. Coisa que em Portugal não se passa. Teria sido
melhor manter como estava.
Mais
grave ainda é como os clubes aceitam isto passivamente. A impressão empírica
que tenho é que ninguém está de acordo com isto. Se assim é porque é que os
Presidentes dos Clubes ou os directores de modalidades não se organizam para
obrigar a FAP a recuar nesta medida (e noutras). A FAP existe porque existem
clubes e não o contrário.
Renato
Miranda
Concordo plenamente,aliás já tinha referido muito do que aqui foi dito num tópico anterior... Incompetência no seu limite... é mesmo necessário fazer alguma coisa e correr com quem só parece querer o bem de alguns e não o bem do ANDEBOL em geral!
ResponderEliminarCumprimentos,
Fábio Torres
E isto tudo surge porque o ABC nao cumpriu com as regras ha dois anos atras e em vez de ser punido severamente alteram-se as regras.Pagam sempre os mais pequenos...
ResponderEliminarAnónimo das 12:14 de 29 de Outubro. Quer explicar a sua afirmação?? Se não sabe do que fala mais vale estar calado. Esta lei foi alterada por defesa da federação, para justificar o facto de ter castigado o ABC injustamente!!isso sim foi o que aconteceu! o ABC foi severamente castigado, pois nesse ano a equipa de juvenis b garantiu por direito desportivo a presença na fase final da segunda divisão e não pôde participar por castigo!!
ResponderEliminarO aparecimento de 2 equipas nos escalões de formação é de louvar porque permite mais praticantes e motivação acrescida por parte da maioria dos novos praticantes, não permitir que os atletas da equipa "B" passem para a "A" é fazer um regulamento fechado e sem nenhum interesse para a modalidade, deveriam ser fixos á equipa mas permitir que 3 elementos da equipa "B" possam jogar na equipa "A" com o objectivo de o treinador testar os novos atletas.
ResponderEliminarDeste modo a ideia da 2ª equipa e porque não a 3ª depende do numero de atletas a frequentar os treinos,
ex: 30 atletas deveriam existir obrigatoriamente 3 equipas.
ADC