Crónica de Fim-de-semana No Feminino – 07 – 2013 / 2014

Crónica exclusivamente dedicada ao Feminino.

PO09 – Campeonato Nacional da 1.ª Divisão Seniores Femininos.

1.ª Fase

6.ª Jornada
JAC-Alcanena 44 - 26 Vela Tavira
CA Leça 30 - 27 Juventude Lis
CS Madeira 21 - 31 Alavarium
Maiastars 28 - 24 Assomada
Juventude Mar 15 - 25 João Barros
Madeira SAD 30 - 26 Colégio Gaia
7.ª Jornada
Madeira SAD 20 - 18 Alavarium
Assomada 29 - 43 JAC-Alcanena
CS Madeira 26 - 26 Colégio Gaia

Foi um fim-de-semana com muito andebol (9 jogos!) e onde as atenções se centraram na Madeira, pelo equilíbrio em 3 dos 4 jogos verificados e porque lá se jogou o jogo grande da jornada, com as campeãs nacionais do Alavarium a sofrerem a primeira derrota do campeonato, caindo aos pés do Madeira SAD.

Antes de iniciarmos a análise da semana, queremos ressalvar que das 9 nomeações de árbitros deste fim-de-semana, apenas uma dupla pertence à categoria mais elevada em Portugal. Isto num fim-de-semana onde não houve jogos da PO1. Os responsáveis da arbitragem em Portugal parece que se esqueceram daquilo que foi indicado no início da época em que a PO9 era a segunda competição em termos de prioridade de duplas de árbitros. Um especto a rever?

Comecemos pelo jogo grande, entre o Madeira Sad e o Alavarium, jogado com uma enorme intensidade e com uma grande prestação defensiva de ambas as equipas. Infelizmente, o discernimento ofensivo não foi o mesmo e isso tirou espetacularidade a um jogo que poderia ter sido bem mais bonito. O Alavarium dominou toda a primeira parte, com Cláudia Correia e Diana Roque em bom nível mas na segunda parte apenas Ana Marques apareceu em contra-ataque. Surpreendentemente, o Alavarium não apresentou a sua defesa individual, mas onde esteve muito abaixo do seu nível habitual foi em termos do seu ataque, com as suas rematadoras a não conseguirem ultrapassar Isabel Góis e com Ana Seabra que parece jogar claramente condicionada e com pouco sentido de baliza. E parece que este Madeira Sad é a equipa que descobriu o antídoto para travar as campeãs nacionais já que o ano passado se superiorizaram nos jogos entre elas e este ano, já as tinha vencido no contra-ataque. Mesmo com duas baixas de grande peso (Soraia Lopes e, principalmente, Renata Tavares), a equipa de Duarte Freitas revelou uma grande capacidade defensiva, anulando por completo o ataque aveirense e tendo uma Isabel Góis de grande nível. E teve nas suas pontas esquerdas as suas melhores jogadoras, Sara Gonçalves com mais minutos mas Cláudia Aguiar, depois de entrar, a impôr o seu ritmo diabólico. Excelente demonstração do Madeira Sad que mostra que é candidato ao título e que este, à semelhança do ano passado, pode ser um campeonato decidido até ao final e o Madeira Sad vai estar, certamente, nessa discussão.

Já na véspera, o Madeira Sad venceu mas apanhou um enorme susto diante do Colégio de Gaia. A equipa madeirense teve muitas dificuldades defensivas e revelou uma insegurança em muitos momentos do jogo. As madeirenses estiveram a perder a meio da segunda parte, mas a sua capacidade de luta permitiu dar-lhes a volta ao resultado, com Sara Gonçalves a ser de uma enorme eficácia e com Márcia Abreu a jogar e a fazer jogar. Cláudia Aguiar entrou apenas a meio da segunda parte e resolveu o jogo, o que nos faz questionar porque razão Duarte Freitas apenas a utiliza em momentos apertados. Muito mérito para estas dificuldades do Madeira Sad devem ser atribuídos ao Colégio de gaia que fez um excelente jogo. Vanessa Silva, quando motivada, consegue criar muitos problemas e a sua capacidade rematadora provocou muita mossa na defensiva madeirense. Sara Andrade revelou excelentes pormenores na ponta esquerda e Helena Soares não sabe jogar mal. A equipa de Gaia mostrou que se pode bater com qualquer equipa, mas na parte final houve muita precipitação e incapacidade de recuperar defensivamente num jogo em que o Colégio de Gaia mostrou por que razão é candidato a um lugar nos 4 primeiros.

Contudo, no dia seguinte, o Colégio de Gaia sofreu um inesperado empate diante do Sports Madeira. A equipa de Gaia cometeu inúmeras falhas técnicas, defensivamente sem a menor agressividade e quando Sandra Santiago foi desqualificada, a equipa perdeu a sua melhor jogadora e de quem estão extremamente dependentes. A única jogadora que esteve em bom plano foi Sofia Mota que fez um grande jogo, acompanhada a espaços por Vanessa Silva mas a equipa tem jogadoras para fazer muito mais e uma jogadora como Fernanda Carvalho não pode ser excluída por protestos numa altura decisiva do encontro. Foi um fim-de-semana bastante negativo para o Colégio de Gaia que sai da Madeira com uma derrota e um empate contra um adversário do fundo da tabela. Quanto ao Sports Madeira, teve uma atitude fantástica, mesmo a perder perto do final, não viraram a cara à luta e conseguiram um justo empate arrancada no último segundo com um golo de Anais Gouveia. O Sports Madeira, sem estrelas, é uma equipa muito talentosa, com grande atitude onde sobressaíram Mariana Sousa e Odete Freitas. E, naturalmente, Jéssica Gouveia que na primeira parte aguentou a equipa na corrida pelo encontro com um punhado de boas intervenções.

Na véspera, o Sports Madeira não teve hipóteses perante o Alavarium e apenas Odete Freitas conseguiu remar contra a maré, mas a equipa bateu-se bem face ao natural desnível dos plantéis. O Alavarium fez um jogo sólido, tendo a facilidade de poder rodar o seu plantel sem grandes oscilações, com Cláudia Correia em grande, a mostrar pormenores fantásticos, bem acompanhada pela atiradora Mariana Lopes. O Alavarium sai da Madeira sem a invencibilidade e isto faz ainda aumentar mais a luta pelo campeonato onde apenas o Colégio João de Barros não perdeu.

Não perdeu, alcançando um tranquilo vitória na sua deslocação a Fão, pavilhão emprestado da Juve Mar em virtude do seu recinto estar escorregadio. Desde o início a superioridade foi tão grande que o jogo foi um longo bocejo. Mérito para a excelente defesa das vice-campeãs nacionais que se apresentam bastante fortes nessa matéria e que tiveram, em termos ofensivos, uma jogadora a destacar-se que normalmente sobressai mais nas tarefas defensivas: Helena Corro. Bem acompanhada pela inevitável Maria Pereira. A exibição da Juve Mar foi simplesmente horrível. 3 golos marcados ao intervalo diz tudo do que aconteceu e começa a ser preocupante a fraca prestação da equipa onde as lesões não justificam tudo. A equipa é a única do campeonato que soma por derrotas todos os 6 jogos realizados e vêm aí uma série de jogos com equipas mais acessíveis e se a Juve Mar não conseguir vencer ficará em muito maus lençóis.

O Maiastars recebeu e venceu o Assomada mas a exibição esteve longe de agradar. A equipa está cada vez mais dependente das suas esquerdinas (Ana Silva e Diana Oliveira) e o seu lado esquerdo é cada vez menos influente, sendo que o seu barómetro é Olinda Leal. Mas quando o Maiastars defronta formações mais fortes fisicamente (mesmo tecnicamente limitadas como é o caso do Assomada), a equipa tem sérios problemas pela falta de rematadoras. E a pergunta que nos colocamos é como é que um clube que na formação apostou sempre em jogadoras de elevada envergadura (como Rita Alves e Ana Pereira) agora não tem jogadoras desse estilo na sua equipa sénior. O Assomada fez um dos seus melhores jogos esta época. O que surpreende nesta equipa é a facilidade com que aparecem jovens a destacarem-se. Neste jogo foram duas jovens de 17 anos, Micaela Sanches e Nádia Fernandes. Tivesse esta equipa outro tipo de treino, outro tipo de cultura tática e poderia ser uma das grandes surpresas do campeonato mas com a autêntica desorganização que o clube e a equipa têm, dá para fazerem um bom jogo de vez em quando, mas é um verdadeiro desperdício face à capacidade atlética desta formação lisboeta.

O JAC continua num grande momento de forma. No Sábado, obteve uma vitória robusta diante do Vela de Tavira, com Patrícia Rodrigues a mostrar porque é talvez o maior talento do andebol português. Eficácia irrepreensível na marcação de livres de sete metros, leitura de jogo perfeita e uma capacidade de marcar golos muito acima da média. Neuza Valente também continua em boa forma numa equipa que está muito motivada depois da sua vitória no Funchal e que estamos muito curiosos de ver defrontar os outros 2 candidatos ao título. O Tavira não fez um mau jogo ofensivamente, com as irmãs Faleiro em destaque, mas a equipa defende muito mal, não consegue recuperar defensivamente e contra as equipas da primeira metade da tabela, faz com que não tenham qualquer equipa de discutir resultados. Mas são aspetos que Miguel Dias pode corrigir para que a equipa consiga lutar pela manutenção que é o grande objetivo desta simpática equipa algarvia.

No Domingo, o JAC voltou a vencer em Lisboa, de novo com Neuza Valente e Patrícia Rodrigues imparáveis. O JAC respira confiança e decidiu logo o jogo na primeira parte, aproveitando muito bem as fragilidades defensivas do adversário que se sentiam perdidas após simples cruzamentos da formação de Alcanena. No assomada foram de novo Micaela Sanches e Nádia Fernandes que se destacaram, mas a equipa tem que aprender a defender. Com a capacidade atlética que têm, não é tão aceitável que concedam tanto espaço, denotando clara falta de trabalho. O Assomada tem um enorme potencial mas temos receio que não trabalhem o suficiente para o aproveitar e desenvolver.

Por último, o Cale conseguiu uma grande vitória diante da Juve Lis. Deixámos este jogo para último pois ele marca claramente o confronto entre a sensação do campeonato e a grande desilusão da prova. O Cale já leva 3 vitórias e tem surpreendido tudo e todos que acreditavam que as saídas a tornassem uma das equipas mais fracas da prova. A saída de algumas jogadoras permitiu que outras aparecessem e Daniela Mendes nos últimos jogos tem mostrado todo o seu valor, muito bem acompanhada por Maria Rodrigues que tem uma impressionante facilidade de colocar a bola na baliza e com a ponta esquerda Catarina Oliveira em dia sim. O Cale assume-se como candidato aos play-off. Quanto à Juve Lis, a grande desilusão da prova. Uma vitória e um empate em 6 jogos é demasiado mau para uma equipa que teve baixas, é certo, mas de quem se esperava mais. Ofensivamente, Ana Gante e Ana Fonseca estiveram em bom plano, mas defensivamente a equipa está muito mal, sem atitude, sem deslocamentos defensivos e o novo treinador Rui Machado tem que trabalhar muito essa matéria se a equipa quer ainda aspirar ir aos play-offs. A equipa pode e deve fazer muito mais do que tem feito.

No próximo fim-de-semana apenas haverá 2 encontros (fruto de adiamentos e antecipações), pelo que deixaremos a análise desses 2 jogos para o fim-de-semana seguinte, juntamente com todos os jogos dessa e da jornada seguinte.

Críticos Femininos