Onde vais parar Andebol Português
Já levo bastantes anos de ligação ao Andebol, primeiro como jogador e depois como treinador. Durante todo este tempo, mais de 30 anos, vi melhorias significativas na nossa modalidade e sempre tentei acompanhar essa evolução, nas várias formações que iam aparecendo, fundamentalmente em bons Clinics organizados pelas Associações Regionais. Os processos de cursos de treinador eram muito mais trabalhados, pois se fiz o meu primeiro curso em 1989, o antigo 4ºgrau, já o de 3ºgrau só o viria a fazer 5 anos mais tarde. Isto porque, se por um lado tinha de esperar 2 anos em actividade, por outro só nessa altura me senti devidamente preparado para o fazer e que era o momento para subir mais um degrau na minha carreira. Foi um curso de grande intensidade, em 9 dias consecutivos e com cerca de 10 horas diárias entre aulas teóricas e práticas. O exame seria feito um mês depois com 4 horas na prova escrita e outras 4 na prova prática. Senti-me recompensado por todo o esforço e estava desejoso de colocar em prática tudo aquilo que tinha aprendido. Penso que a qualidade do meu trabalho aumentou significativamente e os atletas evoluíam a olhos vistos. Os resultados colectivos apareciam e as idas às fases finais Nacionais começaram a ser uma realidade, assim como os Títulos Nacionais. Anos mais tarde, senti novamente necessidade de subir mais um degrau e avançar para o curso de 2ºgrau, para que os meus horizontes se alargassem e atingisse o máximo na carreira de treinador. Assim o fiz, num outro curso de grande intensidade, duas semanas de 08 horas diárias de aulas, sentindo no fim, mais uma vez, que tinha valido bem a pena.
Recentemente e com as novas tecnologias veio uma revolução nos cursos de treinadores. Desde que a Formand tomou conta dos cursos de treinadores, dá claramente a entender que apenas se interessa por dinheiro, para que a empresa não dê prejuízo, senão vejamos: começou com as equivalências em 2006, trocando a ordem dos graus de treinador, mas mais que isso foi obrigar os treinadores a provarem o que já possuíam por mérito e o mais importante, para a Formand, o pedido de equivalência custou a cada um das centenas de treinadores existentes, um valor monetário que multiplicando deu uma bonita soma. Dinheiro que entrou em caixa de forma fácil, na minha perspectiva, pois o trabalho foi todo dos treinadores, já que estes tiveram que descobrir os seus comprovativos de cursos, das acções de formação e outras coisas do género. Nesta altura e contrariando-se de alguma forma, foram “dados” cursos de grau 3 de forma leviana e fácil, ficando a ideia que qualquer um podia ser treinador bem qualificado. Ao mesmo tempo que surgia o curso de master coach, claramente um curso elitista e apenas ao alcance daqueles que tinham capacidade financeira para aceder a ele. Os bons Clinics deixaram de existir, trocando por aquela “palhaçada” em Stª Maria da Feira, onde TODA a gente está contrariada, não tomando atenção a nada daquilo que por lá se diz, mas obrigando todos os oficias a estarem presentes o tempo inteiro, não podendo exercer actividade se não o fizerem. Ah! E não esquecer que custa 10€ a cada uma das pessoas que lá vai e que somando tudo dará uns bons milhares de €€€ à Formand. A acção de formação propriamente dita, é o Congresso de Andebol, caríssimo e que se formos a ver, pouco ou nada nos surpreende e nem chega perto na qualidade dos antigos Clinics que existiam em várias Associações.
Por último, falar destas barbaridades que estão a ser lançadas pela nossa Federação de Andebol de Portugal. Os preços das inscrições das Equipas, não dando grande margem de manobra aos Clubes para se prepararem, do novo curso de grau 4, onde colocam exigências desmedidas, além de mais 1000€ para o fazer. Numa altura de crise profunda, onde são poucos os clubes que pagam aos treinadores, onde estes praticamente pagam para treinar, a Formand vem pedir mais dinheiro e mudar, novamente de forma leviana, o enquadramento dos treinadores nas equipas. Pergunto-me sinceramente, se valerá a pena continuar ou então como tenho ouvido Colegas a comentar, esta próxima época será a última que exercerei como Treinador, pois a FAP literalmente me está a “chutar” para fora dessa função.
Neste assunto, deixo espaço para todos darem a sua opinião, pois será importante todos darem seu testemunho e, quem sabe, arranjar formas de luta para contrariar este rumo.
Sei que poderão me chamar covarde por não me identificar, mas faço isto anonimamente porque ainda quero continuar minha carreira, não querendo sofrer represálias.
(texto enviado )
O Administrador
9 comentários:
Eu tenho um percurso mais ou menos idêntico a este, e há algo que para mim marcou o nosso andebol.
Foi quando organizámos o Mundial em 2003. Seria suposto a nossa modalidade dar uma "salto" (para a frente) em todos os níveis. No meu ver aconteceu precisamente o contrário, desde esse ano que tudo mudou, partindo logo da FAP juntamente com a sua sucursal (Formand). Foram designações novas para os cursos existentes na altura, foram equivalências, foram as orientações técnicas obrigatórias no início de cada época, foi um aumento brutal nas taxas de inscrições da equipas, foi e é um "chover" de multas avultadas semanalmente aos clubes, principalmente no PO08 por não terem 12 jogadores por jogo, quando em Seniores já têm aparecido equipas nos jogos apenas com 7 atletas, é também a distribuição geográfica das equipas nos respectivos campeonatos, etc.....;
Enquanto confiarem em mim como treinador, e enquanto eu me sentir com capacidades para exercer estas funções e me sentir útil para o meu clube, não abandonarei a modalidade, mas também não vou dar mais dinheiro à FAP nem à sua "sucursal" (Formand), pois esse dinheiro será necessário para que a formação no meu clube não acabe.
Tem ideia de quanto lhe custou o 2º grau? O meu como estive 12 dias fora de casa não foi propriamente barato.
Resta saber depois desta lamentável informação quem os vai substituir...
Pois o meu ( 2ºgrau) foi em Leiria em 2004, durante 3 semanas. Começava às 9hOO e acabava por volta das 19h00 e muitas vezes, após jantar. Foram 3 semanas fora de casa com custos inerentes a dormida e alimentação e salvo erro mais 500,00€ de inscrição. Após esta formação em sala era necessário um ano de estagio após um exame escrito e apresentação de relatório final.
Treinei vários Equipas seniores da 1º Divisão, 2ª Divisão e 3ª e agora num futuro próximo não vou ter qualificação para tal.
Quanto ao " Colega " que apresenta o artigo não se preocupa que não é "Covarde" é realista, pois se nos identificarmos seria mais uma dor de cabeça.
Mas como Eu sou um homem de fé, ainda acredito em milagres e espero que alguém acabe com esta situação que é insustentável para a N/ MODALIDADE.
Concordo em pleno com o espírito mecantil da Formand. Não vejo a melhoria do nosso andebol, que seria também o reflexo da formação dos treinadores, não vejo nível nas nossas equipas nacionais, não vejo a Federação como motor de desenvolvimento.Vou mandar o andebol às urtigas.... fiquem aqueles que pertençam ao "clube" fedrativo, façam todos os cozinhados que queiram, contemplem apenas as associações que estão asseguradas, não paguem aos árbitros a tempo e horas, apliquem as multas que queiram, inventem motivos para mais multas, não se preocupem com o crescimento das outras modalidades, inventem mais graus de treinadores e carreguem nos preços pois os clubes pagam bem aos treinadores....enfim façam o que vos der na gana, pois a malta vota na vossa equipa federativa à ceguinho...É fartar vilanagem. Se me identificasse já estava a pagar multa.......
Np bloge 7metros a revolta já começou.
Vamos a eles.
Não fiquem mudos.
Entre a espada e a parede, não vale a pena recuar.
ATENTO
Posso compreender que fazer formação seja em que area fôr é para algumas pessoas é uma chatice. Sei que o dinheiro custa a ganhar e neste momento não é o andebol que vai dar de comer aquilo que é a esmagadora maioria dos treinadores. Sei como foram "dados" os niveis 3 nos ultimos anos mas sobre a formação dos treinadores a minha opinião é que os treinadores se devem actualizar e que os preços não são muito diferentes do que eram em 2000, 2002 ou 2004. O grande problema é que as pessoas não querem investir mais para trabalhar de borla e se não tiverem a benção do lobi da Fap é andar a soprar balões o resto da vida. Sobre a Fap, quadros da Fap,administradores da formand etc era um filme de terror e que podia alimentar este blog durante anos. O grande erro da Fap é pensar que as pessoas da modalidade são cegos, surdos e mudos.
Uma nota para o anónimo anterior: quando diz cursos "dados" deveria dizer "vendidos"....A exigência e a qualidade na formação de treinadores é vital para o seu desenvolvimento. Criar elites com base de quem tem dinheiro para investir, é que é um erro.Dantes sabiamos bem quem eram os formadores, o seu nível: hoje é uma incógnita e à maioria não lhes reconheço valor para serem formadores, só se forem de Bolonha... Esquecem-se das Universidades para as matérias de tronco comum...Ignorância ou não estão interessados em alargar o leque de formadores. Se analisarmos o curriculum desses formadores é preocupante.
Grão a grão enche a FAP o Papo, se não vejamos, Qualidade é o que a FAP quer, então acaba-se com os clubes pequenos e organizados e aposta-se nos grandes que nada fazem apenas usam o que os outros produzem.
Já fizemos não sei quantas formações de dirigentes, enfim, ouvir o seleccionador nacional a dizer quantos dias vai treinar as equipas, onde é que vai estagiar, isto é, onde algumas câmaras ainda conseguem aturar um certo senhor com a sua boa lábia e que vai conseguindo de Norte a Sul uns estágios sem a FAP nada pagar, mas depois não sei como é que não à dinheiro, quando dizem que gastam muito nos estágios das Selecções enfim.
Mais uma desinformação de dirigentes desta vez em Torres Novas, sai mais barato para a FAP e seus Boy´s. Mas bastante dispendioso para os clubes que continuam a aturar esta ditadura, até quando estamos a ficar fartos de alguém estar a destruir o ANDEBOL.
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