Analise Das Equipas da PO01 – I

Vamos iniciar a publicação de uma série de “Post’s” , onde será feita por um grupo de amantes da modalidade ( Grupo de Analistas ) uma analise de todas as equipas que participaram na PO01. Será de todo o interesse referir, que estes textos reflectem a opinião dos autores, e pretendem ser efectuadas com um princípio de equidade, sem pretender de qualquer forma defender, atacar ou promover qualquer clube ou atleta.

FC PORTO

O início de temporada foi algo conturbado. As saídas de Álvaro Rodrigues e Dragan Jerkovic não foram muito notadas por não serem indispensáveis ao 7 titular, mas a importância que assumiam como alternativas válidas e experientes pesou e isso mesmo se notou logo na primeira aparição oficial: o apuramento para a Liga dos Campeões. A equipa ficou a 1 golo de se apurar para a fase de grupos e o grupo de atletas acusou a estocada e isso mesmo ficou patente na escorregadela “sem espinhas” no Sá Leite nas primeiras jornadas. No entanto, será certamente motivo de regozijo para quem acompanha a modalidade o facto de as equipas portuguesas estarem a subir no plano europeu e que o campeão nacional consiga já ficar bastante perto da participação na fase de grupos.

O desenvolver do campeonato acordou a equipa que voltou a apresentar aquela que é a sua maior arma, ou seja, a nosso ver, mais do que a velocidade e a agressividade defensiva, esta equipa é bem mais consistente que os mais directos rivais e isso faz a diferença. Nos jogos em que tem de ganhar, jogando melhor ou pior, o FC Porto raramente falha e nisso muito mérito terá o exigente Obradovic, que tem na sua frente um conjunto muito jovem (indubitavelmente uma das equipas mais jovens da fase final) que comanda com mão de ferro. Ao fim de dois anos os sistemas defensivos portistas continuam a vencer jogos. Repare-se nas especificidades do sistema 3:2:1 coeso, sem grande profundidade e tão diferente do habitualmente utilizado em Portugal, ou do sistema 5:1 com o defensor avançado orientado para um dos laterais, também pouco visto ou explorado por cá. Mas uma análise mais atenta mostra que não é só neste capítulo que Obradovic tem vindo a inovar. Ofensivamente, embora a equipa não seja tão forte (como adiante exploraremos) apresenta algumas inovações (pelos menos para os parâmetros nacionais) como a continuidade do ataque após transição, várias vezes com passes ponta-ponta que demonstram um tipo de jogo livre onde os atletas têm mais liberdade para procurar e tomar opções. Os técnicos nacionais podem “beber” um pouco desta prática, visto que muitas vezes são notórias equipas “amarradas” tacticamente que limitam as acções dos atletas. E falando em coisas que não se têm visto por cá, quando foi a última vez que em Portugal existiu um 1ª linha com características semelhantes a Gilberto Duarte? E não nos esqueçamos que estamos na presença de um atleta ainda júnior e que este ano tem vindo a jogar também no seu escalão “de origem” mas que se vem afirmando como igual e como alternativa perfeitamente viável a Wilson Davyes e Nuno Grilo (em relação a este último, Gilberto tem a vantagem de desempenhar bem melhor tarefas defensivas) tanto nas competições internas como a nível europeu. Veremos até que ponto Obradovic conseguirá estimular Ricardo Pesqueira, outro potencial atleta de topo.

No entanto nem tudo são rosas neste tri-campeão. A equipa demonstra em algumas posições um preocupante défice de alternativas e hoje, olhando para o calendário apertado que o Benfica tem vivido, é difícil imaginar como seria para o FC Porto jogar pelo menos 10 encontros da Champions com o actual plantel. Aliás, tirando nas laterais (Spínola dá algumas garantias de poder substituir Inácio Carmo, pelo menos ofensivamente) e Wilson, Grilo e Gilberto complementam-se, parece-nos que nenhuma outra posição tem uma alternativa verdadeiramente viável… não se vê (e não se viu quando teve de acontecer) quem possa substituir Tiago Rocha, não há alternativa a Ricardo Moreira, o inconstante Dario Andrade esteve praticamente toda a época sem suplente (lembro-me de ter sido lançado algumas vezes Hugo Santos. Promissor, mas júnior!) e quando não há Filipe Mota parece faltar o garante da estabilidade ofensiva. E é mesmo para o jogo ofensivo que vai a última nota desta análise: a equipa do FC Porto será sem dúvidas a melhor em Portugal em 3 das 4 fases de jogo. Ninguém em Portugal bate este Porto nas transições, ninguém bate a defesa organizada, mas todos podem apontar alguns problemas a nível de ataque organizado e continuado. É a pedra no sapato de Obradovic que teve no jogo com o Benfica para a Supertaça bastante influência num resultado que acabou por matar as aspirações da equipa á revalidação do troféu. Caso continue na próxima época será interessante ver como resolve este problema, mas será também interessante acompanhar a evolução dos jovens angolanos recém-chegados e do cubano Quintana, que parece vir dando excelentes sinais.

Quanto ao desenvolvimento do dossier “transferências e renovações” no FC Porto… Ao que parece Obradovic estará no último dos 2 anos de contrato que assinou ao chegar ao clube e ao que se sabe há outros atletas que terminam agora contrato, no entanto, não parece lógico que haja vontade em mudar muito na base da equipa, pelo que se esperará a continuidade do técnico e da maioria das pedras fundamentais. No mesmo capítulo há a assinalar a renovação com Tiago Rocha por um período longo (numa altura em que alguma imprensa garantia a saída do pivot para o estrangeiro). A nosso ver a notícia deste acordo só é positiva para o próprio clube que poderá continuar a contar com um atleta de eleição. A nós, fica-nos a mágoa por não vermos atletas portugueses noutros voos…

O título de campeão segurado tão cedo dará oportunidade aos dirigentes para pensarem a próxima temporada com tempo e resolver estes assuntos já sem grande influência no rendimento dos atletas.

Balanço: para FC Porto, SL Benfica e Sporting CP o grande objectivo da época é naturalmente o título de campeão pelo que a época portista não poderá nunca considerar-se um fracasso. No entanto, olhando para o desempenho na Champions, EHF e Supertaça fica a ideia de que a equipa deveria ter ido mais longe em, pelo menos, uma destas competições. Resta a Final Four da Taça de Portugal, e aí o mínimo que se exigirá será a presença na final.

Grupo de Analistas