Analise Das Equipas da PO01 – II

Dando continuidade a analise publicada na semana anterior, hoje efectua-se nova publicação. Será de todo o interesse referir, que estes textos reflectem a opinião dos autores, e pretendem ser efectuadas com um princípio de equidade, sem pretender de qualquer forma defender, atacar ou promover qualquer clube ou atleta. 

SL BENFICA

Longe de polémicas com a Faculdade de Desporto, com um plantel que só podia ser superior ao do ano anterior, em nossa opinião o Benfica partia como grande favorito. Uma equipa já de si forte, foi retocada por atletas da valia de José Costa, com a experiência de Milan Vucicevic e Pedro Graça, e com o potencial de António Areia não tem a nosso ver paralelo em Portugal (em termos de individualidades entenda-se). 

Contudo, a lesão de Rui Silva logo no início da época veio condicionar um pouco a estratégia de José António Silva (JAS) visto que José costa, embora seja um excelente atacante revela-se um defensor mediano que não dá garantias a uma equipa como o Benfica (quem sabe se com algum esforço por parte do atleta, do treinador e da restante equipa não se poderia tornar um caso de sucesso como defensor, à imagem de Tiago Rocha). Com Rui Silva JAS podia pensar em acelerar um pouco o ritmo de jogo como Porto e Sporting (com Paulo Faria) vinham fazendo visto que ficava dispensado de efectuar uma das 2 trocas defesa-ataque (a outra é a saída de Claudio Pedroso).

Quer-nos parecer no entanto, que JAS e restante elenco directivo do Benfica cometeram alguns “erros de casting” na construção do plantel. Têm o mérito de juntar dois guarda redes de inegável valia, o melhor ponta direita, o melhor lateral direito, o melhor central e dois dos melhores pivots do país, mas deixaram a equipa “manca” de alternativas no posto de lateral esquerdo. Zaikin parece-nos o elemento mais fraco do sete titular e a lesão que sofreu –continua sem regresso anunciado – veio expor a falta de alternativas da equipa na 1ª linha. Uma equipa com elevadas ambições não se pode dar ao luxo de partir para a uma temporada somente com 3 jogadores para 2 posições como central e lateral esquerdo. Com a ausência de Zaikin, Carneiro e Roque têm sido híper solicitados e a fadiga gerada leva a situações como a vivida no Dragão Caixa no jogo que decidiu o título ou na derrota com o acessível Partizan. Nota aqui para Nuno Roque, que se tem revelado uma opção bastante razoável e tem de forma progressiva conseguido afirmar-se daí o nosso espanto quando nos chegam notícias sobre dificuldades no acordo de renovação de contrato - não está o atleta contente com o papel no clube? ou é o clube que não está contente com o desempenho do atleta? Estranhamos qualquer que seja o motivo.

A 1ª fase trouxe um Benfica que vinha mostrando exibições mais seguras, principalmente devido à crescente maturidade que Carlos Carneiro tem vindo a ganhar, que lhe permite conduzir a equipa e ser o elemento decisivo quando necessário. No entanto, e como vem sendo habitual nos últimos 3 anos, o Benfica intercala ciclos de importantes vitórias com as principais equipas com derrotas inesperadas com adversários como Horta ou Águas Santas e esses são inevitável pontos que no final fazem sempre falta. 

Não podemos deixar de referir o desempenho imaculado que a equipa foi tendo em provas como a Supertaça, Taça Challenge ou Taça de Portugal. Depreendemos deste facto que JAS é capaz de preparar o plantel convenientemente para os jogos mais importantes mas que não consegue manter um nível de consistente ao longo de um prova regular… e sabe-se que o campeonato é a prova mais apetecida e é justamente uma competição que geralmente consagra os mais regulares. 

Parece-nos que o treinador deverá conseguir crédito junto da direcção com a anunciada vitória europeia - o Cimos Koper está longe do nível do passado recente em que inclusive participou na fase de grupos da Champions – bem como na Supertaça e quem sabe, da Taça de Portugal, e poderá no próximo ano conseguir um reforço importante para a 1ª linha. 

Com a derrota em Braga – a ausência de Carlos Carneiro mostrou um Benfica sem alma – o clube deixa-se numa posição desconfortável. Para assegurar o 2º lugar não pode deslizar em casa com o Madeira, sob pena de deixar todas as decisões para o último jogo, que em casa do Sporting (também a necessitar de pontos) não será certamente tarefa fácil. A quebra de rendimento com a ausência de Carneiro levanta uma questão: como pode uma equipa com atletas da valia de David Tavares, Claudio Pedroso, Rui Silva, José Costa, Candeias/Ferreirinho estar tão dependente de um atleta. Difícil de entender.

Uma nota final sobre o treinador: JAS tem vindo a ser criticado por muitos e elogiado por poucos. Parece ser uma das figuras menos estimadas da equipa por parte dos adeptos (bem diferente do estatuto que outros técnicos gozam, vejam-se os casos de Obradovic ou Paulo Fidalgo), no entanto, tendo em conta a herança que recebeu de Donner, dispensado logo após ser campeão a figura não se afigura fácil. Na época transacta o “caso faculdade” justificou uma época menos conseguida, este ano as competições vencidas deverão ser suficientes para assegurar a continuidade do técnico. Mas a a questão que levantamos é a seguinte: ao longo dos quase três anos que leva á frente dos destinos da equipa, JAS não deu mostras de conseguir fazer “crescer” os atletas ou o desempenho da equipa de forma muito notória. Que razões há para acreditar que no próximo ano vai conseguir fazer a equipa dar o salto?

Balanço: a grande conquista da época acaba por ser a Supertaça (e eventualmente da Taça de Portugal). A previsível vitória na Challenge não pode ser sobrevalorizada… uma prova que não contempla participantes das principais ligas europeias não é grande obstáculo para um plantel da valia do Benfica. José António Silva terá na próxima época – última do seu contrato – de levar para a Luz o campeonato sob pena de se ver fora do clube.

Grupo de Analistas