Crónica exclusivamente dedicada ao Feminino, última jornada da 1.ª Fase, . Face à extensão do texto não serão publicados os resultados.
PO09 – Campeonato Nacional da 1.ª Divisão Seniores Femininos.
A última jornada da primeira fase jogou-se este fim-de-semana. Sem nada para decidir e uma vez que a FAP decidiu que não há qualquer paragem entre esta fase e a Fase Final (algo quase insólito!), resolvemos substituir o habitual resumo da jornada por uma análise a cada uma das equipas que estarão na Fase Final, onde abordaremos as principais figuras das equipas e também falar das características dos seus treinadores. Claro que muitos irão discordar do que aqui escrevemos mas como sempre não nos esquivamos a dar as nossas opiniões. Apesar das 3 melhores equipas portuguesas serem da Zona Sul, mantemos a mesma convicção que a 5ª equipa do Norte (Maiastars) é mais forte do que a 5ª equipa do Sul (Sports Madeira).
Colégio de Gaia: Venceu, confortavelmente, a Zona Norte sem perder qualquer jogo. Esperava-se que a saída de algumas jogadoras importantes tornassem o Colégio de Gaia mais fraco este ano, mas tal não tem acontecido. A equipa tornou-se mais colectiva, mais humilde e os resultados estão à vista. Uma das suas grandes armas é a sua capacidade defensiva. O seu 5X1 é defendido de uma forma excelente e, ultimamente, tem alternado com um 6X0 muito eficaz. A ausência de grandes rematadoras está agora a ser colmatada com a chegada de Vanessa Silva, a esquerdina que jogava em Espanha.
Treinadora: Paula Castro é a mal-amada do andebol feminino português e tem sido muito injustiçada na nossa opinião. Além de ter levado a selecção sénior a um Campeonato da Europa tem um notável trabalho de muitos anos no Colégio de Gaia. Muitos apontam Jorge Tormenta como o homem que mexe os cordelinhos na sombra, mas é sempre Paula Castro que dá a cara. É verdade que tem uma personalidade introvertida e permite demasiado relaxamento de desconcentração nos treinos mas os resultados falam por ela. Nenhum treino começa a horas e são célebres já os pedidos de Paula Castro, durante os treinos, para que se comecem a fazer os exercícios. Muitos questionam como seria se o Colégio de Gaia tivesse treinos com outra exigência, mas até hoje Paula Castro tem levado a água ao seu moinho e este ano com uma equipa muito mais limitada volta a mostrar serviço. Tem um bom coração e uma boa relação com as jogadoras, embora demasiado condescendente. É bastante inteligente, apesar de alguma falta de sensibilidade na gestão das questões internas.
As estrelas: A grande estrela desta equipa tem sido Ana Rita Costa. A guarda-redes que esteve na sombra de Daniela Pereira (que este ano foi transferida para o Le Havre) tem feito esquecer a antiga dona da baliza do Colégio e tem sido o garante de uma segurança defensiva notável. Para muitos, é estranho considerarmos Ana Rita Costa a grande estrela do Colégio de Gaia mas parece-nos justíssimo, dada a qualidade das suas exibições que, estranhamente, têm passado despercebidas ao seleccionador nacional. Destacaremos sempre outras duas jogadoras por equipa, neste caso Maria Domingues e Fernanda Carvalho. Maria Domingues é outro exemplo claro de esquecimento do seleccionador nacional. Uma ponta esquerda verdadeiramente notável com uma capacidade de um contra um como há poucas em Portugal e muitos recursos na hora de finalizar. Fernanda Carvalho, regressada após gravidez, apesar de já sem o ritmo de outros tempos, é um garante de segurança no ataque e tem feito uma época muito consistente.
A nossa previsão: O Colégio de Gaia irá repetir o 4º lugar da época passada. Apesar da boa época, o Colégio de Gaia não tem capacidade para discutir com as 3 melhores equipas portuguesas. Falta-lhe uma melhor ponta direita e uma lateral esquerda ao nível das suas rivais. Apesar disso, sobretudo em casa (num piso inacreditavelmente escorregadio para se jogar uma fase final), será muito difícil às melhores equipas vencerem e o Colégio pode ganhar jogos a essas equipas.
Madeira SAD: É claramente a o plantel mais completo do campeonato, com praticamente duas soluções de muita qualidade para cada posição. O seu muro defensivo no 6X0 é o mais difícil de superar entre as equipas nacionais. As madeirenses venceram a Zona Sul, mas não se livraram de uma derrota em casa diante do seu grande rival. Mas, com excepção desse jogo, têm feito uma boa temporada e venceram o primeiro troféu da época: A supertaça. Aliás, a derrota em casa veio a seguir a esse importante triunfo e pareceu-nos haver alguma sobranceria de uma equipa que não se pode esquecer que quem ainda detém o título é o Gil Eanes.
Treinador: Duarte Freitas tem estado envolto em polémicas desde o início da época. Primeiro porque a sucessão de Filipe Calado que estava há tantos anos no Madeira SAD nunca é pacífica e depois por ser seleccionador nacional e não ter tomado as decisões que consideramos mais correctas. Mas não podemos confundir o seu trabalho na selecção com o da SAD. E, até agora, o trabalho tem sido bom. Claro que se pode sempre argumentar que tem o melhor plantel, o que facilita as coisas. Mas tem feito a equipa treinar de uma forma muito mais aplicada do que o fazia no passado e tem conseguido motivar as suas jogadoras. Gere muito melhor os minutos de todo o plantel do que o seu sucessor e isso tem motivado a equipa. Uma jogadora do plantel dizia-nos que, com este treinador, todas sabem que são úteis à equipa e que regressou a motivação à equipa. Procura também colocar exercícios fortes nos treinos. Fora do campo, é uma pessoa afável e um dos treinadores mais bem divertidos desta fase final. Sabe que, se não vencer, será trucidado. Mas isso é o peso a pagar de quem treina uma equipa assim.
As estrelas: Virgínia Ganau. Os anos passam e continua a ser a jogadora que faz verdadeiramente a diferença. Nos seus melhores dias, fecha a baliza e torna-se impossível alguém em Portugal vencer a SAD. Aliás, foi uma exibição menos conseguida de Ganau que abriu a porta que o Gil Eanes bem soube aproveitar na visita. Continua, apesar da idade, a ser a melhor Guarda-redes portuguesa e é pena que não esteja disponível para representar a selecção. As outras duas estrelas: Renata Tavares e Rita Alves. Renata Tavares tem tido menos minutos do que nas outras épocas porque Duarte Freitas tem conseguido gerir melhor a equipa, algo importante quando se tem outra excelente pivot como Bebiana Sabino. Mas Renata Tavares continua a ser a pivot mais difícil de defender em Portugal, pois alia a sua técnica a uma capacidade física notável, o que a torna imparável, sobretudo quando a ligação com a primeira linha é feita por cima. Rita Alves confirmou o porquê da aposta do Madeira SAD. Os que achavam que a jovem jogadora não se adaptaria a este salto enganaram-se. Está uma jogadora mais mais madura e continua a impressionar pela amplitude dos seus movimentos e pela garra que coloca no jogo.
A nossa previsão: Acreditamos que o Madeira SAD vai voltar a conquistar o título perdido. Claro que é uma previsão arriscada, mas até ao momento tem sido para nós a melhor equipa da competição. Não acreditamos que possa perder pontos com o Colégio João de Barros, enquanto o Gil Eanes pode e isso pode decidir o campeonato. Parece-nos que estão com a motivação que não tinham para reconquistar aquilo que foi seu durante tantos anos. Acreditamos que o vão conseguir mas não vai ser fácil.
Alavarium: Este clube de Aveiro está a fazer uma grande época, confirmando já a excelente época passada. Apenas perdeu com o Colégio de Gaia e com facilidade conseguiu a qualificação. É talvez a melhor defesa da competição, com uma defesa 6X0 algo estranha nos fundamentos mas que tem sido de uma eficácia enorme. Parece terem um espírito de equipa enorme, o que faz com que sejam muito difícil de bater. Nos jogos grandes, em casa, tem um público entusiasta e não nos cansamos de elogiar a sua comunicação, com resumos de todos os jogos e flash interviews com treinador e atletas. Algo que devia fazer meditar uma equipa profissional como o Madeira SAD.
Treinador: É o único dos 8 treinadores que é mais conhecido pelo que faz fora do andebol do que por ser treinador. Aliás, conhecemos o seu trabalho fora do andebol há alguns anos. É um dos gurus da Bolsa portuguesa e presença habitual nos jornais e TV, “um dos grandes cérebros nacionais”, escrevia o Expresso há uns anos. Mas também como treinador está a fazer um excelente trabalho, numa equipa que tem um espírito de luta como poucas e que, defensivamente consegue anular os pontos fortes dos adversários. Uma jogadora confidenciava-nos que a palestra dele às Sextas-feiras antes dos jogos, com recurso a um programa de vídeos muito moderno, tem tanto de eficaz como de cómico pelo humor que coloca nas intervenções. Sem papas na língua, tem-lhe valido alguns comentários negativos sobre ele nos blogs, algumas vezes merecidos. Tem uma excelente relação com as atletas que apreciam o seu lado descontraído mas também a exigência que coloca nos treinos. É, na nossa opinião, o terceiro melhor treinador do campeonato.
As estrelas: Cláudia Correia é a grande estrela da equipa. Depois da grave lesão que teve, parece estar a jogar melhor que nunca, com uma enorme capacidade de remate e de finta. É hoje uma jogadora muito mais completa do que há uns tempos atrás e nós que criticámos, há dois anos atrás, a sua escolha pelo Alavarium, hoje não temos problemas em reconhecer que estávamos errados, pois conseguiu evoluir muito em Aveiro e está a jogar ao mais alto nível. É hoje já uma das 3 melhores jogadoras do campeonato. As outras duas estrelas: Filipa Fontes e Catarina Martins. Filipa Fontes não se pareceu adaptar bem, mas na segunda volta já está próxima do nível que nos habituou. Jogar ao lado de Cláudia Correia retira-lhe algum protagonismo mas ela parece adaptada a isso e a própria Cláudia Correia começa a beneficiar de ter ao seu lado uma jogadora da qualidade de Filipa Fontes que tem uma enorme capacidade de fazer assistências. A sua subida de forma é um dos factores decisivos para a grande segunda volta que o Alavarium fez. Catarina Martins sempre foi uma das melhores pivots portuguesas mas, curiosamente, também fez uma primeira volta muito abaixo do que sabe. Defensora exímia, quando recebe a bola é difícil de travar. Já sem a velocidade de outros tempos, mas é ainda uma pivot que parte as defesas.
A nossa previsão: Apesar da excelente época, acreditamos que o Alavarium ficará em 6º lugar. Os 4 primeiros parecem-nos facilmente definidos e acreditamos que a Juve Lis irá ganhar esta batalha pelo quinto lugar, dada a sua maior tarimba e hábito nestes grandes momentos. De qualquer das maneiras, esperamos uma fase final bem melhor do que o ano passado, quando aqui chegaram com as suas principais jogadoras lesionadas.
Gil Eanes: As campeãs nacionais não impressionaram na primeira fase. Sobretudo, a derrota na Supertaça e a derrota com o Colégio João de Barros pareciam indiciar o pior para as algarvias, mas numa demonstração de orgulho de campeãs foram vencer à Madeira e dizer que têm uma palavra a dizer na luta de um título que é seu. Talvez só agora comecem a adaptar-se ao estilo de jogo muito veloz tão do agrado do seu treinador e se o conseguirem fazer podemos ter campeonato até ao final e este campeonato merece-o.
Treinador: É, para nós, o melhor treinador do Campeonato, apesar de o dizermos não por estes meses de prova, mas sim por toda uma carreira de óptima eficácia na gestão do que lhe tem sido dado. Aliás, não é de estranhar. João Florêncio também é um homem ligado ao mundo empresarial. Apesar de ser um excelente treinador, Florêncio é o oposto de Donner na forma de comunicar. Mais descontraído, mais humano, parece que isso lhe criou problemas nos primeiros meses no Algarve porque as jogadoras relaxaram, habituadas ao estilo super rígido do mestre Donner. Florêncio não tem tarefa fácil porque suceder a Donner nunca é fácil, mas o Gil Eanes escolheu bem. Fora do campo João Florêncio é um adepto de uma boa conversa e é um prazer ouvi-lo, dada a humildade, a simplicidade e o lado humano deste grande treinador.
As estrelas: Ana Seabra. A par com Virgínia Ganau, é a jogadora mais decisiva do campeonato. Continua com a velocidade de sempre e com aquela fome de bola que faz com que seja a jogadora portuguesa mais parecida com os homens, nesse aspecto. Para um treinador como Florêncio, é óptimo ter uma jogadora como Ana Seabra que é o protótipo da jogadora perfeita para o contra-ataque. Infelizmente, não é servida tantas vezes no ataque organizado como poderia ser, mas continua muito eficaz e a maior arma do Gil Eanes. As outras duas estrelas: Vera Lopes e Tânia Afonseca. Vera Lopes está a fazer uma excelente época. Há já algum tempo sem uma lesão grave (algo infelizmente raro na sua carreira), está a ser cada vez mais consistente, pela sua versatilidade em campo. É das jogadoras mais elegantes na forma como joga. Tânia Afonseca é um exemplo de uma jogadora que parece limitada pela sua pouca ambição. Mas, ainda assim, é uma pivot capaz de destruir qualquer defesa, pela sua envergadura absolutamente fora do comum. Talvez o ano passado a equipa estivesse mais rotinada a jogar para a servir mas ainda assim está a ser uma das grandes figuras do Gil Eanes.
A nossa previsão: Coerentes com o que escrevemos na previsão do Madeira SAD, acreditamos que o Gil não conseguirá revalidar o título nacional e terminará no segundo lugar. Mesmo não tendo a qualidade do plantel da SAD, o ano passado o Gil conseguiu ser campeão fruto do seu excelente treinador e da crença das suas atletas. Este ano com outro excelente treinador conseguirão a mesma proeza? Não cremos, mas esperamos um campeonato bem equilibrado.
Juve Mar: Chegarem pela segunda vez consecutiva à fase final é uma grande vitória desta equipa de São Bartolomeu do Mar. Equipas com mais obrigação e melhor plantel como o Maiastars ficaram de fora da fase final. O facto de jogarem juntas há bastante tempo é talvez o grande segredo da Juve Mar. O grande calcanhar de Aquiles é algum desequilíbrio no plantel mas nem isso tem impedido de se apurarem para a fase final. Apesar de terem terminado em 3º lugar, foi a última equipa nortenha a apurar-se e tiveram derrotas inesperadas como em Leça, no Almeida Garrett ou em casa com o Salgueiros. Alternam o melhor com o pior.
Treinador: É um dos treinadores mais antigos dos 8 que estão na fase final. Tem feito um excelente trabalho na Juve Mar. Passou pela escola do ABC e é um bom treinador, apesar de alguma passividade no banco. Fora do campo, além de uma empresa, detém um restaurante e gosta de conversar sobre tudo. É um dos grandes defensores do actual modelo competitivo, pois conhece bem as dificuldades financeiras dos clubes neste momento. Tem uma boa relação com as atletas. Aliás, a disciplina que se nota na Juve Mar é decisiva para o excelente desempenho da equipa. Como nos disse uma atleta “O Paulo é quase um pai para algumas de nós”. E acrescentamos que para a pivot Andreia Martins, é marido também.
As estrelas: Teresa Santos. Aquela que é central de raiz tem jogado todo o ano a lateral direito. Tem uma finta de um contra um com uma velocidade de execução muito rara em Portugal e tem um excelente remate em apoio. No dia em que conseguir gerir melhor as suas emoções, poderá afirmar-se como jogadora de selecção A. As outras estrelas: Andreia Escrivães e Sandra Peixoto. Andreia Escrivães é uma jogadora pouco destacada para o rendimento que tem. Uma lateral esquerda alta, como há poucas em Portugal que consegue rematar muito bem de fora mas também penetrar. Tem um problema com a sua falta resistência ao choque, mas se fizer algum trabalho de ginásio poderá ter um futuro risonho, embora pareça pouco motivada para levar o andebol mais a sério. Sandra Peixoto está a voltar àquilo que era antes da lesão. Uma das centrais com melhor visão do jogo do nosso andebol e que tem um poderoso remate em apoio que tem feito com que, na segunda volta, seja uma das melhores marcadoras da equipa.
A nossa previsão: É, para nós, a mais fraca das 8 equipas presentes, pelo que acreditamos vir a terminar em 8º lugar. Podem, uma vez mais surpreender, e conseguir subir um lugar mas terem chegado até aqui já é uma enorme vitória. Têm que esperar que nenhuma das suas 3 magníficas se lesione, senão será impossível ganharem jogos numa fase final recheada de tão boas equipas.
Colégio João de Barros: O grande destaque deste ano foi terem conseguido vencer o Gil Eanes, um primeiro passo para se quebrar a tradição e a ideia de que são uma equipa muito forte mas nunca conseguem ganhar aos 2 grandes. Foi a equipa sensação dos últimos anos e agora têm cimentado o estatuto de 3ª melhor equipa portuguesa. Sofreram com a lesão de Natalina Melo mas com o seu regresso, além do seu poder de fogo, contarão com uma melhoria na consistência do seu 6X0 que é muito difícil de ultrapassar. O impedimento de algumas jogadoras de treinarem regularmente parece-nos limitar sempre o crescimento desta excelente equipa.
Treinador: Paulo Félix é, para nós, o segundo melhor treinador do campeonato. Ele construiu, de base, uma equipa de sucesso e é o grande responsável pelo salto que o Colégio João de Barros deu nos últimos anos. Tem um estilo muito “low profile” mas é extremamente eficiente na forma como trabalha esta equipa. Fora de campo, tem uma personalidade muito calma e longe vão os tempos em que brilhava no andebol de praia. Como nos confidenciava uma atleta: “O Néné parece calado e calmo mas não queiram ver quando lhe sobe a mostrada ao nariz”.Enquanto permanecer no Colégio João de Barros, a qualidade está assegurada. Infelizmente, a formação está cada vez pior e se um dia Paulo Félix sai da equipa sénior, com a mesma velocidade com que o clube subiu, volta a descer.
As figuras: Maria Pereira. É hoje, de longe a melhor rematadora em Portugal. Força, velocidade de execução e potência física fazem dela um enorme talento. Defensivamente, é também muito forte e é a grande estrela desta equipa. As outras estrelas: Inês Catarino e Bárbara Teixeira. Pode não se gostar do estilo de Inês Catarino, mas é de uma eficácia tremenda. O facto de ser uma raridade haver esquerdinas de qualidade em Portugal também a ajuda, mas é uma jogadora humilde, com um excelente remate e que se treinasse com outra regularidade, poderia ser hoje uma figura de proa no andebol português. Muitos achavam que o Colégio João de Barros perderia muito coma saída de Kaká. Mas Bárbara Teixeira, muito menos vistosa mas muito eficaz, tem feito uma época muito boa na baliza da equipa de Paulo Félix e tem sido o garante de muita estabilidade.
A nossa previsão: Pensamos que seria uma enorme surpresa tudo o que não for o 3º lugar. O ano passado prevíramos que o Colégio João de Barros ganharia um dos jogos aos 2 grandes e falhámos a previsão mas isso já aconteceu este ano e pode vir a repetir-se na fase final. Contudo, pensamos ser muito difícil ir além disso, embora vejamos como regressa Natalina Melo (que já alinhou após lesão) e como vai estando a condição física de Eduarda Pinheiro, uma jogadora chave nesta equipa e que parece estar a recuperar a sua forma. O que nos parece indiscutível é que o Colégio João de Barros consolidará a sua posição à frente do Colégio de Gaia no panorama nacional.
Académico do Porto: É a única novidade na fase final em relação às 8 finalistas do ano passado. Mas não se pode dizer que tenha sido uma surpresa em função das aquisições que fizeram e do regresso de Joana Oliveira que esteve de Erasmus na época passada. É quase a réplica da equipa da Universidade do Porto que tem representado Portugal nos Jogos Universitários e isso tem valido muitas críticas que nos parecem despropositadas já que as jogadoras já jogavam nos Universitários antes de irem para o Académico do Porto. Bom campeonato de uma equipa que foi construída para este objectivo.
A treinadora: Luísa Estriga tem estado no centro da polémica. Docente universitária, investigadora da modalidade, tem vários projectos feitos em parceria com a Federação. Mulher de armas, não vira a cara à luta, algo que nos agrada mas que não agrada a toda a gente. Presença habitual nos congressos da especialidade, não passa despercebida e há que reconhecer os seus méritos na área da investigação. Tem dificuldade em conciliar a sua vida profissional com o ser treinadora e isso vale faltas a treinos e muitos dados sem o habitual equipamento, o que gera sempre comentários. Mas, como nos confidenciava uma jogadora do plantel, “desde que venha até pode vir de fato de gala que não há problema”. No banco, tem revelado algumas falhas graves, pecando por demorar muito a mexer no jogo, parecendo às vezes uma mera espectadora. Parece-nos bem melhor na teoria do que na prática…
As figuras: Ana Sampaio. Uns dirão que praticamente só marca em contra-ataque e até têm razão mas os seus golos são fundamentais para as vitórias e quando a anulam, o Académico do Porto tem muitas dificuldades. Um excelente timing de saída para o contra-ataque e muita serenidade na hora de concretizar de uma ponta esquerda a quem não é por acaso que lhe chamam “Speedy”. As outras estrelas: Isabel Oliveira e Joana Oliveira. Isabel Oliveira, mais conhecida por Bekas, tem sido umas das jogadoras mais regulares dos últimos anos do campeonato. Com excepção da época passada onde não se adaptou bem ao Colégio de Gaia, mantém uma consistência notável e, além de boa rematadora, consegue excelentes assistências para o pivot. Joana Oliveira tem feito uma grande época a pivot. Capaz de jogar noutras posições, nesta altura é a pivot que mais rende e tem uma técnica notável. Se perdesse 10 quilos poderia ser jogadora de top em Portugal.
A nossa previsão: O Académico, na nossa opinião, ficará em 7º lugar. Tem melhores valores que a Juve Mar, em termos de jogadoras estará ao nível do Alavarium, mas claramente tem menos colectivo que as aveirenses e treinam menos, o que nesta fase final se deverá fazer sentir. Contudo, achamos que irão fazer boa figura mesmo nos jogos mais difíceis e podem fazer algumas surpresas.
Juve Lis: Tem sido uma excelente época para a equipa de Leiria. Além de mais um apuramento para a fase final, a Juve Lis realizou uma excelente campanha europeia. Nem a saída de algumas jogadoras importantes travou o clube que tentou ir buscar tudo o que tinha valor ao Sir 1º de Maio, em abordagens que tiveram contornos polémicos. A verdade é que a Juve Lis provou ser melhor que o Sports Madeira e que está na fase final com todo o mérito.
Treinador: André Afra tem feito um excelente trabalho no clube gerido por sua mãe. Tem uma personalidade muito difícil e é seguramente o treinador mais arrogante de todos os que estão nesta fase final, mas tem conseguido impor um estilo de jogo muito próprio e transforma as suas jogadoras em excelentes defensoras, com uma atitude como é raro em Portugal. Como nos confidenciou uma jogadora “Sabemos que à mínima falha, vamos ouvir do André. Quase nos fura os tímpanos”. Fora do andebol, é menos tenso e mais descontraído, mas não deixa de ter o seu feitio muito difícil e discutir com ele é algo que não agrada a muitos. Ou é à maneira dele ou então temos problemas…
As figuras: Rita Chaves. A central leiriense tem feito uma época fantástica. É verdade que sempre foi vista como uma jogadora limitada, mas tem melhorado de ano para ano e hoje é uma das boas centrais do nosso andebol. Tem um excelente poder de finalização, o que é cada vez mais importante e consegue controlar o estilo de jogo (ataques muito prolongados) que André Afra quer. As outras estrelas: Diana Pereira e Mariama Sano. Diana Pereira, pelo início de época muito forte, apesar de ter estado mais discreta nas últimas semanas. É uma atiradora esquerdina pura. Muito limitada nos outros aspectos do jogo, mas muito eficaz na hora de marcar golos de primeira linha. Mariama Sano é uma das grandes revelações deste campeonato. Com um porte atlético fantástico, esta pivot apresenta enormes melhorias tecnicamente e começa agora a perceber-se o enorme potencial que tem e como é difícil de travar.
A nossa previsão: Apontamos para o 5º lugar. Não têm qualidade para chegar aos 4 primeiros mas a sua maior tarimba e consistência devem valer-lhe ficar à frente do Alavarium e conquistar mais um apuramento para as competições europeias. Mas é uma equipa que pode incomodar, por exemplo, o Colégio de Gaia.
Que comece a fase final. Nós acompanharemos aqui, como sempre, todos os detalhes da luta pelo título nacional.
Críticos Femininos