Esta semana, aproveitámos a paragem para fazer uma análise
às 6 primeiras classificadas. Para a próxima semana, analisaremos as últimas 6.
Com
o final da primeira fase, é altura de fazer o balanço da competição até ao
momento (recordamos que, tal como nos anos anteriores, não faremos o balanço no
final). Vamos analisar equipa a equipa, falar dos treinadores, das estrelas, da
nossa previsão e tentar falar de algo que seja menos público? Esperemos que
gostem.
ALAVARIUM: A grande surpresa do campeonato. Apenas uma derrota
mostra bem o grande campeonato que a equipa de Aveiro tem vindo a fazer.
As estrelas: Ana Seabra,
Cláudia Correia e Mariana Lopes. Ana Seabra caiu que nem uma luva nesta equipa
que gosta de jogar a um ritmo frenético e Ana Seabra continua a dar espectáculo
pela sua leitura de jogo, técnica e capacidade de liderança. Cláudia Correia,
nos dias de inspiração, tem uma capacidade explosiva de 1x1 única no nosso país
e continua a ser uma das referências da equipa. Mariana Lopes é, para nós, a
melhor atiradora do campeonato, com um poder de remate verdadeiramente
assombroso. Hesitámos em colocar aqui Ana Marques (só colocaremos 3 estrelas
por equipa, no máximo) porque tem feito a sua melhor época de sempre e é
verdadeiramente imparável na hora de sair para o contra-ataque.
O treinador: Ulisses Pereira.
Figura pública pelos seus comentários de poker na TV e pelos seus comentários
sobre bolsa nos jornais económicos, Ulisses Pereira tem provado ser também um
excelente treinador. Há 2 anos atrás, quando o Alavarium conseguiu um lugar nas
competições europeias, Ulisses Pereira começou a aparecer como um dos bons
treinadores em Portugal mas esta época tem sido a da sua grande consagração.
Tem o mérito de conseguir colocar a equipa a jogar a um ritmo muito forte e a
coragem de apostar num sistema defensivo muito arrojado, quase homem a homem,
que tem criado muitas dificuldades às outras equipas. O maior elogio que
podemos fazer a Ulisses Pereira é que, ao vermos os jogos do Alavarium,
percebemos que todas as jogadoras sabem exactamente qual o seu papel dentro do
campo. As suas jogadoras confidenciam-nos que - O Ulisses é quase sempre calmo
e bem disposto como aparenta em campo, mas se alguma das jogadoras não sabe as
chaves do jogo que ele questiona minutos antes de começar o jogo, salta-lhe a
tampa -.
Pontos fortes: O arrojo do seu
sistema defensivo (embora nos pareça que as equipas nos playoffs já possam
estar melhor adaptadas a ele), a capacidade atiradora da sua primeira linha e
um público que quase sempre enche o pavilhão, criando um ambiente de grande
pressão para adversárias e árbitros.
Pontos fracos: À excepção de Ana Seabra (e Rita Alves, se bem
que esta última está ainda numa fase de recuperação da sua lesão e tem sido
pouco utilizada), todas as outras jogadoras são muito jovens e não têm
experiência de lutar por lugares cimeiros e isso pode ser fatal. Além disso, o
outro ponto fraco é o facto da ausência de esquerdinas, já que Lisa Antunes
está há muitos meses que estão fora de combate.
Previsão: 2º lugar.
Acreditamos que o Alavarium conseguirá chegar à final, embora aí achamos que
não terá tarimba e experiência para vencer. É verdade que temos revisto
sucessivamente a nossa expectativa para a classificação do Alavarium, mas a
qualidade de jogo que esta equipa tem apresentado, tem-nos feito mudar de
ideias.
MADEIRA SAD: Após um começo algo tremido, as campeãs nacionais
fizeram uma segunda volta arrasadora e voltaram a assumir o papel de grandes
candidatas ao título.
As estrelas: Renata Tavares,
Cláudia Aguiar e Isabel Góis. Renata Tavares é a peça chave desta equipa, não
apenas pela sua notável capacidade ofensiva, como pela forma como defende e
comanda a melhor defesa do campeonato. Cláudia Aguiar marca a diferença nos
contra-ataques e muitos dos jogos da equipa madeirense são ganhos à base de uma
defesa muito eficaz e de um contra-ataque imparável. Isabel Góis é, claramente,
a melhor Guarda-redes a actuar em Portugal, com uma estrutura física excelente
para o posto específico e com uma capacidade de reacção verdadeiramente
notável. Portugal tem guarda-redes para a próxima década. Seria justo também
destacar Mónica Soares que, depois de um início marcado por problemas físicos,
está de volta à sua melhor forma e é a única atiradora de relevo na equipa.
O treinador: Duarte Freitas.
Muito contestado no início do seu trabalho no Madeira Sad, Duarte Freitas tem
apresentado trabalho e, depois de ter conduzido a equipa ao título nacional,
apresta-se para fazer o mesmo. Pessoa extremamente simpática, a sua
personalidade tem sido decisiva para que, face aos problemas financeiros do
clube, consiga manter as jogadoras motivas e focadas. As suas jogadoras dizem
que é obcecado pelas questões defensivas e isso nota-se na forma como o Madeira
Sad defende, sendo a melhor defesa da competição. Fez bem a Duarte Freitas
deixar de ser seleccionador nacional pois esse cargo estava a abalar o seu
humor e o facto de estar 100% centrado na sua equipa tem sido muito positivo
para ele e para a equipa. Algumas jogadoras confidenciaram-nos que - custou
adaptar-nos ao Duarte mas agora estamos adaptados e sem ele esta crise
financeira teria afectado a equipa. -
Pontos fortes: A capacidade de
matar os jogos em contra-ataque, a fortaleza do seu sistema defensivo, perante
o qual muitas equipas parecem completamente inoperantes e a enorme experiência
de algumas das suas jogadoras, podem ser decisivos no desfecho deste campeonato.
Pontos fracos: A falta de
atiradoras de qualidade já que apenas Mónica Soares se pode considerar uma
especialista nesta matéria.
Previsão: 1º lugar. A equipa
está em crescendo e parece-nos que a única equipa que lhes pode fazer frente é
o Alavarium. No entanto, o último jogo entre as equipas mostrou que o Madeira
Sad é claramente superior e a maior experiência de algumas jogadoras chave
pensamos ir, voltar a repetir o título.
COLÉGIO JOÃO DE BARROS: Apresentaram-se como candidatos ao
título mas a equipa está longe de um rendimento que lhes permita lutar pelo
título. Uma das desilusões da competição.
As estrelas: Dulce Pina, Maria
Pereira e Paula Malcato. Dulce Pina, apesar de praticamente não treinar,
continua a desequilibrar muitos jogos pela sua capacidade de mudança de
direcção e de penetração. Maria Pereira é uma das grandes rematadoras
portuguesas mas é pena ver que podia render muito mais caso cuidasse mais da
sua condição física. Por último, Paula Malcato tem aproveitado muito bem esta sua
primeira oportunidade numa equipa grande e é das mais eficazes jogadoras da
equipa. É estranho ver Eduarda Pinheiro, Inês Catarino ou Karine Lopes fora
destas estrelas, mas é sinal dos tempos de uma geração que não está a dar o
salto que todos esperavam. Falta de treino?
O treinador: Paulo Félix. De
feitio reservado, é um dos bons treinadores nacionais. Mas não está a conseguir
motivar as suas jogadoras para treinar. Com a maioria das suas jogadoras a
treinarem apenas uma vez por semana, é difícil criar equipas de topo e se, por
um lado, não lhe podemos atribuir responsabilidades na campanha mais fraca já
que um treinador sem treinos não pode fazer milagres, por outro lado, como
líder da equipa, tem que convencer as suas atletas a treinar, fazendo-as acreditar
que o andebol é perfeitamente conciliável com os estudos e trabalho. Algumas
das atletas confidenciam-nos que, nos últimos anos, Paulo Félix dizia-lhes que
o futuro era delas e que tinham que mostrar que podiam ser as melhores em
Portugal e que, recentemente, parece mais resignado. Duvidamos que Paulo Félix
queira continuar no seu projecto se não tiver garantias que poderá ter treinos,
como um treinador normal?
Pontos fortes: Em termos de
estatura é, sem sombra de dúvida, a melhor equipa portuguesa. Além disso, tem
uma primeira linha muito poderosa e difícil de travar.
Pontos fracos: Deficiente
preparação física, algo inadmissível para uma equipa candidata ao título. A
falta de ambição é claramente outro dos pontos fracos de uma equipa que parecia
vir a ser a dominadora do andebol português nos próximos anos, mas que parece
resignada a um papel secundário. A falta de uma guarda-redes de qualidade,
depois da saída de Bárbara Teixeira.
Previsão: 3º lugar. Nem na
cabeça das próprias jogadoras acreditam que o título é possível, algo que
ambicionavam no início do ano. Se tudo correr como normalmente, cruzarão com o
Madeira Sad nas meias-finais e, dada a diferença de qualidade de ambas as
equipas, as esperanças do título morrerão aí.
JUVE LIS: Um campeonato irregular de uma equipa que consegue
bater o Colégio João de Barros e lutar de igual para igual, em casa, com o
Madeira Sad, mas que depois tem deslizes inadmissíveis.
As estrelas: Telma Amado e Inês Silva. Telma
Amado vem subindo e é já hoje a segunda melhor pivot portuguesa, logo atrás de
Renata Tavares. A sua excelente compleição física e uma óptima pega de bola
fazem dela a jogadora mais decisiva da equipa. Inês Silva está mais madura e
mais consistente, sendo muito forte nas acções de 1x1, o que a torna uma
jogadora bastante difícil de defender. A outra estrela seria Gizelle Carvalho,
mas o infortúnio bateu-lhe à porta no início do campeonato e foi uma época
perdida para uma das mais importantes jogadoras leirienses.
O treinador: André Afra. André
Afra é o grande obreiro da evolução do andebol feminino da Juve Lis nos últimos
anos. A equipa defende com uma garra muito característica do seu treinador que
consegue incutir um espírito guerreiro nas suas atletas. Tem um feitio muito
difícil no seu relacionamento com árbitros e adversários e não é bonito vê-lo,
por vezes, em picardias com atletas adversárias. No entanto, as suas jogadoras
confidenciam que isso faz parte da sua personalidade e que as jogadoras vêem
nele um líder e alguém que as levanta do chão nos momentos de maior
dificuldade.
Pontos fortes: A excelente
postura defensiva da equipa, onde é raro verem atletas serem batidas nos duelos
1x1. A recuperação defensiva é também um ponto forte de uma equipa que sofre
muito poucos golos de contra-ataques directos. Por último, talvez seja a equipa
com o espírito combativo mais forte, o que fazem desta equipa sempre um
adversário temido por todos.
Pontos fracos: A sua
circulação de bola é extremamente lenta, algo completamente desadequado a uma
equipa que quer estar entre as melhores. A ausência de uma líder em campo, já
que a lesão de Gizelle Carvalho retirou à equipa a sua líder por natureza.
Previsão: 4º lugar. O seu
treinador afirmou que a Juve Lis este ano ia lutar pelo título, mas não tem
mostrado qualidade para isso. O seu jogo com o Jac promete ser a eliminatória
mais interessante da primeira ronda dos playoffs mas acreditamos que a Juve é
mais equipa e irá passar à segunda ronda, onde aí deverá ser eliminada pelo
Alavarium.
JAC. A equipa de Alcanena é a outra grande surpresa da
competição. A mais jovem equipa do campeonato, teve uma excelente prestação e
conseguiu terminar a primeira fase no 5º lugar.
As estrelas: Patrícia
Rodrigues e Vanessa Oliveira. Patrícia Rodrigues é uma das melhores jogadoras
do campeonato. Impressiona que uma jogadora tão nova tenha uma capacidade de
leitura de jogo tão grande, além da natural capacidade técnica que possui.
Patrícia Rodrigues é a jogadora chave do JAC e muito deste 5º lugar se deve a
ela. Vanessa Oliveira é uma das melhores marcadoras do campeonato e se a época
passada foi a da sua revelação, esta época é a da sua confirmação, jogando num
posto específico muito difícil para uma destra.
Treinador: Marco Santos. É um
dos mais polémicos treinadores do andebol feminino. Sem papas na língua, muitas
das vezes diz mais do que deveria dizer mas a sua frontalidade também o ajuda a
marcar pontos, sobretudo pelo excelente trabalho que o Jac tem feito ao longo
dos últimos anos sendo hoje, na nossa opinião, a melhor escola de andebol
feminino em Portugal. Marco Santos está, por isso, de parabéns, embora tenha
que perceber que no escalão sénior, ainda falta bastante ao Jac para chegar ao
topo e que as suas jogadoras precisam ainda de progredir e há que ser um pouco mais
humilde e mais tolerante com as equipas de arbitragem. As suas atletas
confidenciam que o Marco é o grande responsável por tudo o que de bom lhes tem
acontecido, mas confessam que nem sempre é fácil lidar com ele nos momentos de
stress, sobretudo a sua esposa, também atleta, Vera Gorjão. Mas, dizem elas,
que com um treinador mais calmo e menos exigente, nunca teriam chegado onde
chegaram.
Pontos fortes: Excelente
condição física que lhes permite aguentar 60 minutos com intensidade. O
excelente entrosamento entre as jogadoras que parece saberem jogar de olhos
fechados umas com as outras.
Pontos fracos: Falta de uma guarda-redes de qualidade e
excessiva dependência de Patrícia Rodrigues pois, sempre que esta rende menos,
o Jac tem muita dificuldade em triunfar. O ritmo do seu ataque pára em Neuza
Valente que se agarra em demasia à bola. Não surpreende, por isso, que o melhor
período do Jac foi quando esteve lesionada.
Previsão: 7º lugar. Achamos
que as fraquezas do Jac e a sua menor experiência, não lhe permitirão
ultrapassar a Juve Lis, naquela que é a eliminatória mais equilibrada da
primeira ronda dos playoff. Achamos, inclusivamente, que a seguir, o Jac poderá
perder com o Colégio de gaia e ser relegado para a segunda metade da
classificação.
SPORTS MADEIRA: Depois de um péssimo começo, a equipa começou
a encontrar-se e conseguiu acabar a primeira fase na primeira metade da tabela.
As estrelas: Sara Gonçalves,
Maria Rodrigues e Jéssica Ferreira. Sara Gonçalves é a jogadora do campeonato
que costumamos dizer que não sabe jogar mal. Pensamos que isto diz tudo da
qualidade de uma jogadora que, além do seu desempenho como jogadora, é uma
verdadeira líder no balneário. Maria Rodrigues não tem ainda a consistência de
Sara Gonçalves, mas consegue fazer jogos de grande qualidade e quando ganhar
mais massa muscular pode ser um caso sério. Jéssica Ferreira é uma das grandes
revelações do campeonato e uma das guarda-redes de grande futuro. Nos últimos
jogos, tem sido menos utilizada e, apesar da qualidade da outra opção, Jéssica
Ferreira consegue virar jogos.
Treinador: Vítor Rodrigues. De
sorriso fácil e bom trato, Vítor Rodrigues tinha uma missão muito difícil que
era construir uma equipa compensando a saída de jogadoras muito importantes. E
o início não foi fácil, mas Vítor Rodrigues conseguiu colocar a equipa a jogar
à sua imagem, com constantes reposições rápidas após golo, jogando um andebol
moderno. Vítor Rodrigues vive com uma espada em cima da cabeça pois é provável
que a Madeira apenas tenha uma equipa sénior para o ano e consta-se que Duarte
Freitas será o treinador mas algumas jogadoras confidenciaram-nos que jamais
trocariam o Vítor pelo Duarte e que farão tudo para demover quem de direito
dessa ideia.
Pontos fortes: Facilidade em
sair para o contra-ataque e até nas reposições após golo, a equipa consegue
fazê-lo a um ritmo supersónico. Em casa, a sua intensidade defensiva é das mais
altas da competição, o que torna uma equipa muito difícil de bater no Funchal.
Pontos fracos: Alguma imaturidade complica jogos que deveriam ser
mais fáceis. Por outro lado, fora do Funchal, a equipa revela uma atitude muito
macia a defender, o que torna a equipa muito débil nos jogos fora.
Previsão: 6º lugar: Não
acreditamos que o Sports consiga eliminar o Colégio João de Barros, embora no
Funchal, como já dissemos, podem fazer uma surpresa dada a qualidade que têm
quando jogam em casa. Acreditamos que, pelo facto das eliminatórias de
consolação apenas se disputarem em duas mãos, o Sports Madeira possa perder com
o Colégio de Gaia e acabar em 6º lugar.
Para a semana, analisaremos as 6 restantes equipas do
campeonato. Como sempre, o melhor do andebol feminino português é aqui neste
espaço!
Críticos Femininos