Crónica exclusivamente dedicada
ao Feminino.
PO09 – Campeonato Nacional da 1.ª Divisão
Seniores Femininos
Play Off - 1/2 Final
1.ª Mão
Juventude Lis 25- 28 Alavarium
João Barros 29 - 23 Madeira SAD
2.ª Mão
Alavarium
31 - 25 Juventude Lis
Madeira SAD 29
– 22 João Barros
3.ª Mão - Se Necessário
Madeira SAD 22 – 23 João Barros
5/8 - Lugar
1.ª Mão
Maiastars 30 - 33 JAC-Alcanena
Colégio Gaia 31 - 31 CS Madeira
2.ª Mão
JAC-Alcanena
36 – 28 Maiastars
CS Madeira 23 – 29 Colégio Gaia
Grupo "B"
4.ª Jornada
Passos Manuel 28 – 34 Santa Joana
Juventude Ma 13 – 24 CA Leça
E o
escândalo aconteceu no Funchal! O Madeira Sad diz adeus à revalidação do título
e, pela primeira vez na última década, não fica nos 2 primeiros lugares do
campeonato. O Colégio João de Barros foi o carrasco das madeirenses e assegura
também, desde já, a melhor classificação da sua história. A toda poderosa
equipa madeirense cai inesperadamente e o país andebolístico está surpreso. O
Colégio João de Barros irá defrontar na final o Alavarium que continua
imparável. Mas comecemos pela grande surpresa do ano.
O Colégio João de Barros partia com uma vitória de avanço para este
fim-de-semana mas sabia que no Funchal seria muito difícil triunfar. E no
Sábado sentiu isso na pele. O Madeira Sad contou com o regresso de Mónica
Soares (não tinha jogado no primeiro jogo por lesão) e dominou o encontro do
princípio ao fim, com Mónica Soares e Ana Correia em bom plano mas, sobretudo,
com uma defesa a roçar a perfeição que neutralizou por completo o ataque do
Colégio João de Barros, muito bem alicerçada na excelente exibição da sua
Guarda-redes. Foi um jogo sem história tal a supremacia das madeirenses desde o
primeiro minuto, perante um Colégio João de Barros que tentava reagir mas as
suas jogadoras estiveram desastradas na finalização e só Maria Pereira esteve
ao seu melhor nível. A supremacia das campeãs nacionais foi tao grande que
parecia inevitável que, no dia seguinte, a Sad vencesse a passasse à final.
Puro engano.
Mas, curiosamente, no Domingo, o jogo começou de novo com esse domínio claro do
Madeira Sad que rapidamente alcançou uma vantagem de 5 golos. Parecia tudo a
correr dentro das previsões e poucos acreditavam que a Sad não chegasse à
final. Mas o Colégio João de Barros conseguiu dar a volta ao marcador num jogo
impróprio para cardíacos, recheado de faltas atacantes e violações da regra dos
apoios, fruto da tensão do momento. O Colégio João de Barros teve o mérito de
acreditar sempre, teve uma Dulce Pina que é o grande motor desta equipa e cuja
sua presença na formação de Paulo Félix fez acreditar que é possível voos mais
altos. O golo marcado em cima do apito final, com menos 2 jogadoras, mostra bem
a sua crença. O treinador do Colégio João de Barros está de parabéns, pois
montou um esquema defensivo muito bem adaptado ao ataque madeirense e que
causou bastantes problemas e a equipa conseguiu parar o contra-ataque
madeirense, fator decisivo para este desfecho. O Colégio João de Barros chega
assim, motivadíssimo, à final e tem uma grande oportunidade para a vencer pois
achamos que pode ser uma final muito equilibrada. Quanto ao Madeira Sad, teve
na primeira parte uma Mónica Soares em bom momento, mas depois perdeu o gás. E
a desqualificação de Isabel Góis não veio ajudar pois Catarina Oliveira não
esteve feliz na baliza. Mas é impensável como uma equipa com tanta experiência
deixa escapar uma vantagem tão grande na sua própria casa num jogo de decisão.
E nós que tanto elogiámos Renata Tavares ao longo desta época, não podemos
deixar de dizer que é incompreensível que, a 5 segundos do final, a experiente
jogadora tentasse sacar uma falta do atacante, em vez de parar Dulce Pina. Um
erro que custou um campeonato. Veremos qual o futuro do Madeira Sad, já que as
dificuldades de manutenção do projeto já eram grandes.
Em Aveiro, o Alavarium soma e segue. Em apenas 15 minutos, a equipa de Aveiro
já liderava por 12-2. É verdade que a qualidade do seu ataque e o ritmo do seu
contra-ataque são as características que ficam mais na cabeça de quem vê esta
equipa a jogar mas há que dar mérito a Ulisses Pereira por ter o arrojo de
defender durante uma parte inteira uma defesa homem a homem que quase só vemos
ser utilizada nos escalões de infantis. É a grande inovação táctica deste
campeonato e a Juve Lis, apesar de já ter defrontado o Alavarium por 3 vezes
esta época, não se conseguiu adaptar a esta defesa e esteve desastrada. Na
segunda parte, com uma Inês Silva a aparecer em bom plano, a Juve atenuou os
estragos mas mostrou muito pouco para uma equipa que chega a umas meias-finais
desta competição. Defensivamente, a Juve nunca conseguiu travar Cláudia Correia
que fez uma grande exibição e teve pela frente uma Diana Roque que é a
Guarda-redes em melhor forma do nosso campeonato. O Alavarium chega à final do
campeonato, com apenas uma derrota em toda a época e com a moral em alta e
parece-nos normal que agora ambicione o título nacional.
Na luta pelos restantes lugares, o JAC assegurou um lugar entre os 6 primeiros
ao vencer, de novo, o Maiastars depois de já ter vencido a primeira mão. E a
vitória foi convincente mostrando que, nos dias de hoje, o JAC está muito acima
do que vale a equipa da Maia. E desta vez, ao contrário do que é habitual, não
foi Patrícia Rodrigues que fez a diferença. Neuza Valente confirmou a sua boa
forma, Vanessa Oliveira que há muito não vinha jogando bem, voltou às boas
exibições e o “?joker” foi Inês Luís que fez um excelente jogo. O Maiastars
teve em Olinda Leal, como habitual, a sua figura de referência e Ana Sampaio
que vem subindo de produção. O grande problema do Maiastars foi não ter
conseguido saber adaptar o seu sistema defensivo ao jogo do Jac, sendo a sua
defesa muito permissiva. O Maiastars vai discutir agora o 7º/8º lugar, enquanto
o Jac discute o 5º/6º, o que está em linha com o que as duas equipas fizeram na
fase regular.
O Colégio de Gaia arrancou uma surpreendente vitória em casa do Sports Madeira.
Depois do empate em gaia, esperava-se que as madeirenses vencessem e
assegurassem um lugar entre as 6 primeiras mas tal não sucedeu. A segunda parte
do Sports foi, provavelmente, a pior de toda a época e só Sara Gonçalves esteve
ao seu nível. Quando se esperava que depois de uma primeira parte equilibrada,
na segunda parte, as madeirenses marcassem o ritmo do encontro, o que se viu
foi uma série interminável de falhas técnicas que a experiente equipa do
Colégio de Gaia aproveitou muito bem. Helena Soares voltou a mostrar porque é
uma das melhores pivots portuguesas muito bem acompanhada pro Vanessa Silva mas
foi a boa atitude defensiva que permitiu ao Colégio de Gaia vencer e assegurar
o 5º ou 6º lugar. E como é estranho que um lugar destes, nos dias de hoje, já
pareça um lugar que deixa felizes jogadoras e responsáveis do Colégio de Gaia.
Na luta pela manutenção, o Cale alcançou uma importante vitória sobre uma Juve
Mar que entrou em ritmo de passeio, depois de ter assegurado a manutenção na
passada semana. É por isso normal que a equipa esteja em ritmo de descompressão
e que Paulo Martins aproveite para rodar toda a equipa. O que estamos curiosos
é para saber se vai manter essa ideia nos restantes 2 jogos, já que a Juve Mar
pode desempenhar um papel decisivo nas contas para a manutenção, apesar de já
estar a salvo. Quem não tem culpa desta situação é o Cale que aproveitou muito
bem e jogou, defensivamente, com intensidade máxima, conseguindo parar o ataque
da Juve Mar. E este é um dos aspectos que tem faltado á equipa leceira este
ano. No ataque, Ana Paula Costa foi resolvendo e Catarina Carneiro que, depois
de um início de época promissor, tem andado apagada, esteve em bom plano. O
Cale vence pela primeira vez nesta fase final e vai agora defrontar os seus 2
adversários diretos pela manutenção. O próximo jogo, diante do Santa Joana,
será escaldante.
Em jogo entre aflitos, o Santa Joana foi obter uma excelente vitória em Lisboa,
diante do Passos Manuel e confirmou o bom momento que atravessa. Marlene Pinto
esteve imparável, com Rute Santos e Ana Carvalho a mostrarem o bom momento que
atravessam. A equipa está muito confiante e acredita que pode salvar-se, já que
venceu 3 dos 4 jogos desta fase final. O Passos Manuel continua a fazer uma
péssima fase final e perdeu a oportunidade de ficar em excelente posição para a
manutenção. A equipa perdeu agressividade defensiva e nem mais um bom jogo de
Cátia Santos salvou a equipa. Algo aconteceu para que uma equipa que estava
transfigurada na segunda volta do campeonato, criando muitas dificuldades com a
sua agressividade defensiva seja agora presa fácil para os seus adversários. O
Passos pode ainda salvar-se mas a situação já esteve mais favorável.
Para a semana, inicia-se a final do campeonato. Teremos, de
certeza, um novo campeão nacional, o que nos parece uma lufada de ar fresco
para o andebol feminino em Portugal. Alavarium ou Colégio João de Barros? Em
breve teremos a resposta num dos mais equilibrados campeonatos dos últimos anos.
Críticos Femininos