Crónica exclusivamente dedicada ao Feminino, Fase Final.
PO09 – Campeonato Nacional da 1.ª Divisão Seniores Femininos.
Fase Final - Resultados
6.º Jornada
Juventude Lis 13 - 25 Madeira SAD
João Barros 31 - 20 CS Madeira
JAC - Alcanena 21 - 35 Gil Eanes
Colégio Gaia 22 - 23 Maiastars "B"
Alavarium 22 - 23 CA Leça
7.ª Jornada
João Barros 14 - 19 Madeira SAD
Juventude Lis 24 - 26 CS Madeira
CA Leça 22 - 25 JAC - Alcanena
Alavarium 27 - 30 Maiastars "B"
Gil Eanes 40 - 30 Colégio Gaia
O campeonato teve entre Sábado e Terça-feira duas jornadas e o que se pode dizer é que está ao rubro! Os jogos são cada vez mais equilibrados e, com excepção dos 3 candidatos ao título, todas as outras equipas parecem equilibradas.
O grande vencedor desta jornada dupla é o Madeira Sad, triunfando em dois terrenos difíceis. Mas comecemos pelo jogo entre candidatos. O Colégio João de Barros sabia que uma vitória o colocaria como o grande candidato ao título, depois de ter vencido em Lagos mas desperdiçou esta oportunidade por um lado, porque foi uma equipa sem qualquer imaginação ofensiva e, por outro lado, porque o Madeira Sad deu uma verdadeira lição de bem defender e há que tirar o chapéu a Duarte Freitas que preparou muito bem este encontro. Qual o ponto fraco do Colégio João de Barros? As pontas. Então o Madeira Sad optou por ajudar muito na zona central e ficou bem patente as limitações das pontas do Colégio João de Barros. A formação de Paulo Félix foi forçada a cometer muitas falhas técnicas e, sobretudo, sentiu muita dificuldade pela dureza defensiva das madeirenses. Foi um grande jogo? Não. Faltou velocidade, golos e espectáculo. Mas nem sempre os jogos que decidem campeonatos são grandes jogos. E se o ataque do Colégio João de Barros esteve muito abaixo do habitual (sobretudo, Maria Pereira que tem obrigação de fazer mais) não podemos deixar de dar todo o mérito à espectacular atitude defensiva do Madeira Sad. Paulo Félix conseguiu limitar o número de golos de contra-ataque das madeirenses (ainda as jogadoras do CJB estavam a armar o braço para o remate e já as suas pontas corriam para trás) mas não conseguiu ultrapassar a muralha defensiva madeirense. O Madeira Sad, sem fazer um jogo brilhante a nível ofensivo, conseguiu ser mais objectivo e as suas pivots não trabalham apenas para receber a bola como os seus ecrãs e bloqueios foram decisivos para o sucesso. Esta vitória coloca as madeirenses como as mais sérias candidatas ao título, numa altura em que se especula com o final da equipa, este é o melhor tónico que a equipa poderia ter.
Na véspera, o Madeira Sad tinha cumprido a sua obrigação de vencer em Leiria, num pavilhão que no passado lhe trouxe bastantes dificuldades. Este ano, no entanto, foi um verdadeiro passeio para as madeirenses que ao intervalo já venciam por 12-3. Destaque para a enorme segurança das suas Guarda-redes e para uma Ana Correia que, esta época, está a mostrar que poderia ter sido muito mais utilizada em épocas anteriores. Quanto à Juve Lis, a primeira parte foi a pior parte que vimos a uma equipa realizar nesta fase final. A equipa pareceu muito afectada pela sua eliminação europeia (onde efectuou excelentes exibições) mas também é de sublinhar que esta época a Juve Lis está uns furos abaixo da equipa consistente da época passada. Uma das grandes diferenças é Inês Silva que fez uma época passada brilhante e este ano está completamente apagada.
No Domingo, a Juve Lis teve uma vitória bem mais preocupante diante de um dos seus rivais para conquistar um lugar nas competições europeias. O Sports Madeira conseguiu anular muito bem a pivot Telma Amado e quando assim é as leirienses tornam-se uma equipa banal. Os movimentos ofensivos da equipa leiriense são muito previsíveis e algo tem que mudar se querem conseguir repetir o excelente quarto lugar da época passada. Quanto ao Sports Madeira, a vitória foi muito importante e mostra evolução em relação às outras épocas em que não conseguia bater a Juve Lis. Sara Gonçalves que tem andado algo apagada nesta fase final, fez um grande jogo e Mónica Soares, como habitualmente, esteve a um óptimo nível e as leirienses tiveram muita dificuldade em a travar.
Na véspera, o Sports Madeira teve uma derrota natural no recinto do Colégio João de Barros, onde pareceu claro que Vítor Rodrigues estava mais preocupado com o encontro do dia seguinte, o que se acabou por revelar sensato. A equipa acusou o facto de enfrentar uma equipa bem mais forte fisicamente e isso condicionou muito o desempenho das suas atiradoras que pareciam estar sempre a embater contra um autêntico muro, num jogo em que a central Mónica Gomes se destacou pelo que jogou e fez jogar. O Colégio João de Barros também conseguiu fazer algumas poupanças para o dia seguinte, mas Natalina Melo e Maria Pereira voltaram a mostrar porque são das duas atiradoras mais temidas do andebol português.
O Alavarium foi surpreendido em casa pelo Cale. A equipa de Aveiro está muito abaixo da equipa revelação da época passada e é a grande desilusão do campeonato. O Alavarium fez uma primeira parte muito má. Cláudia Correia e Ana Almeida estiveram em bom plano mas sempre muito desacompanhadas por uma equipa que parece apática. O Cale parece talhado para estes resultados surpreendentes e fez uma notável exibição defensiva, o que já começa a ser hábito e teve na sua Guarda-redes a grande figura do encontro. Ana Sousa é um verdadeiro símbolo desta equipa com uma garra enorme e sem medo de decidir nos momentos decisivos. Grande vitória da formação de Leça.
Mas no dia seguinte, o Cale não deu continuidade a este resultado, perante a única equipa que não tinha ainda vencido no campeonato. Ana Paula Costa e Joana Borges bem tentaram lutar mas a generalidade da equipa mostrou uma apatia completamente contrastante com o que tinham evidenciado na véspera. Algumas atletas estiveram muito abaixo do que sabem fazer e as falhas técnicas avolumaram-se de forma e a equipa desperdiçou uma grande oportunidade. A equipa de Alcanena conseguiu a sua primeira vitória no campeonato de uma forma justíssima e, ao contrário dos anteriores jogos, foi na defesa e na sua Guarda-redes que começou a construir esta importante vitória. A jovem Adriana Silva começa agora a aparecer e é sempre de destacar quando uma atleta de 17 anos joga ao nível que ela o fez. Mais uma pérola deste JAC que é, nos dias de hoje, a equipa em Portugal que melhores jogadoras forma.
O Alavarium em dia de Carnaval voltou a desiludir e perdeu em casa com o Maiastars. A equipa de Aveiro está uma sombra do que foi o ano passado e algo tem que mudar porque as derrotas avolumam-se e a equipa nos últimos minutos perde completamente a serenidade. O jogo foi sempre equilibrado num pavilhão cheio, a vibrar com um jogo em que Cláudia Correia e Ana Marques foram as melhores da equipa da casa, mas impotentes perante um Maiastars que defendeu muito melhor e que teve muito mais serenidade na hora da verdade, comandado por uma Olinda Leal que cada vez parece jogar melhor e, sobretudo, fazer jogar. Inês Merce voltou a mostrar que é uma das guarda-redes em melhor forma do campeonato e Renata Pereira está a assumir um protagonismo que foi perdendo nos últimos anos e tem aproveitado muito bem a oportunidade. Vitória inteiramente justa de uma equipa que começa a ganhar a confiança que lhe tem faltado nos últimos anos.
Já no Sábado, também perante um pavilhão cheio, o Maiastars obteve outra sensacional vitória diante do rival Colégio de Gaia. Sara Torres no embate contra o seu anterior clube mostrou que, aos poucos, começa a voltar à sua melhor forma mas uma vez mais o destaque vão para as Guarda-redes do Maiastars. Aquele que foi um dos calcanhares de Aquiles desta equipa é agora o seu ponto mais forte. Esse e o espírito colectivo que têm vindo a demonstrar. O Colégio também está a fazer uma época bastante fraca e nunca conseguiu encontrar soluções depois da desqualificação de Vanessa Silva. A única jogadora que conseguiu remar contra a maré foi Ana Pereira que esteve imparável. O que seria este Maiastars se Ana Pereira lá tivesse continuado?
No dia de Carnaval, o Colégio de Gaia deslocou-se ao Algarve e sofrer uma derrota natural. Apesar de tudo, a exibição foi bem mais agradável, com menos falhas técnicas e um andebol mais bonito, com destaque para Vanessa Silva que efectuou uma grande exibição e mostrou que é jogadora para mais altos voos. No entanto, faltaram as pernas na segunda parte para um Gil Eanes que joga a um ritmo muito alto e em que as duas pontas, Diana Fernandes e Soraia Lopes, parecem autênticas setas a sair para o contra-ataque. O Gil que já no Sábado tinha cumprido a sua obrigação diante do JAC, num jogo que não pudemos presenciar.
A próxima jornada pode ser quase decisiva para a luta do título, uma vez que o Madeira Sad recebe o Gil Eanes. Uma vitória das madeirenses praticamente atirará as algarvias para fora da luta do título e apenas o Colégio João de Barros poderia roubar o título. Mas há que esperar pelo próximo fim-de-semana porque as campeãs nacionais já mostraram, na época passada, a capacidade de dar a volta às situações mais adversas. Como de costume, nós traremos até vós todos os pormenores desse grande jogo.
Críticos Femininos