Conforme prometido na outra crónica, aqui fica a análise às 10 equipas da fase final:
Estão já apuradas as 10 equipas que vão disputar a Fase Final, ou seja, o Campeonato nacional da 1ª divisão. À semelhança do ano passado, procuramos fazer aqui uma análise pormenorizada de cada uma das equipas presentes nesta Fase Final. Além da observação dos jogos, muito do que aqui está vem de conversas informais que, ao longo destes meses, viemos tendo com jogadoras e treinadores.
Iremos passar à análise das equipas, pela nossa previsão da ordem final da classificação. Obviamente que é uma mera previsão nossa.
Madeira Sad: A equipa da Madeira é a principal favorita a conquistar o título que lhes fugiu nos últimos dois anos. Em termos de jogadoras, não nos parece que a equipa esteja mais forte, já que os principais movimentos em termos de plantel foi a saída de Juliana Sousa e a entrada de Catarina Ascensão (uma jovem promessa que está a começar a adaptar-se à realidade da Sad e a jogar ao seu bom nível) . Contudo, o facto do seu adversário directo estar mais fraco e da equipa começar a ganhar confiança, faz dela a principal candidata ao título nacional. A equipa faz do contra-ataque uma arma mortal, quer no contra-ataque directo quer nas reposições após golo. E, face às dificuldades económicas o destino está traçado: Ou o Madeira Sad é campeão ou para o ano termina o clube. O grande problema será mesmo lidar com o actual cenário de muitos meses de ordenados em atraso.
A estrela: Virgínia Ganau. Não é fácil escolher a estrela praticamente sem jogos competitivos, mas parece-nos que é a jogadora que mais pode desequilibrar o campeonato a favor das madeirenses. Muito inteligente na leitura dos remates das adversárias, provoca o erro nas contrárias e tem um carisma como poucas actualmente no andebol português.
As outras 2 figuras: Bebiana Sabino e Rita Alves. Bebiana Sabino está num grande momento de forma e parece ter relegado para segundo plano Renata Tavares. Excelente nas recepções de bola, com uma fibra notável, Bebiana é hoje peça chave na Sad. Rita Alves continua a fazer o seu trajecto de evolução. Com uma envergadura muito rara em Portugal, consegue tirar vantagem no 1x1, mas é nos remates de primeira linha que se notam maiores progressos.
O treinador: Duarte Freitas. Muito contestado pelo fracasso da época passada e pelos maus resultados na selecção nacional. Esta mistura entre seleccionador e treinador do clube não é positivo para a sua imagem, sobretudo quando a selecção parece ser uma réplica da Sad quer ao nível das combinações quer ao nível das jogadoras seleccionadas. Duarte Freitas tem aqui a sua prova dos nove e a derradeira oportunidade para provar o seu valor no andebol feminino. Muito brincalhão e com bom humor, Duarte Freitas é uma pessoa bastante simpática e, segundo uma jogadora madeirense? O Duarte é bom tacticamente, é exigente, tem uma boa relação com as jogadoras, mas falta-lhe cultura de vitória. Pode ser que se ganharmos este ano isso apareça?.
Gil Eanes: Pode parecer estranho que não coloquemos o Gil como candidato número 1 ao título, mas não acreditamos que possam conseguir o tri. Além da saída de Celeste Viana (Andreia Ramos seria a sua substituta mas abandonou o clube por razões profissionais), a saída de Tânia Silva deixa o Gil nas mãos de apenas uma Guarda-redes de qualidade (Carla Pedro) e a grande machadada foi a lesão de Dulce Pina. A menos que a recuperação seja espantosa, não acreditamos que rapidamente esteja recuperada e na máxima forma e ela tem sido decisiva para o sucesso da equipa. Fátima Suaré tem sido o melhor dos reforços mas está muito longe do que vale Dulce Pina. E Mariama Sano, contratada à Juve Lis, ainda não parece adaptada. A questão do treinador e dos subsídios em atraso são mais um barril de pólvora num clube que vive com a corda na garganta. O contra-ataque directo continua a ser a grande arma do Gil Eanes e um sistema ofensivo muito seguro.
A estrela: Vera Lopes. Foi, com justiça, eleita a melhor jogadora do campeonato da época passada. Joga com uma suavidade impressionante, tem uma das melhores impulsões do campeonato e uma excelente técnica. É sem dúvida a jogadora mais completa do campeonato. Será difícil continuar no Gil quando as dificuldades económicas do clube se agudizam e Vera quer concluir a sua formação académica, ao nível do mestrado. Da saúde física de Vera vai depender a época do Gil.
As outras 2 figuras: Ana Seabra e Soraia Lopes. Apesar de não ter o protagonismo de outros tempos, Ana Seabra é uma jogadora decisiva. Aliás, o facto de há mais de uma década não perder um único título nacional diz bem da sua importância nas equipas por onde tem passado. Está a jogar adaptada na posição de central, o que lhe retira alguma eficácia, mas é daquelas jogadoras que até a Guarda-redes deveria brilhar. Quanto a Soraia Lopes, esteve para abandonar o andebol no final da época, mas em boa altura não o fez. A jovem ponta esquerda está a realizar o melhor início de época da sua carreira. Física e tecnicamente com grande qualidade, precisa apenas de melhorar mentalmente.
Treinador: João Florêncio? O ponto de interrogação não é pela qualidade de João Florêncio pois, no nosso entender, é o melhor treinador nesta altura no andebol feminino. Fontes do clube algarvio asseguram que o treinador está de regresso mas não é ainda certo que isso seja uma realidade. Florêncio é dono de uma personalidade muito forte e apenas regressará se algumas coisas estiverem resolvidas, até porque teve que interromper a sua vida empresarial para se dedicar ao Gil. Um treinador com uma filosofia de jogo muito veloz, extremamente humilde e que tem apresentado resultados de qualidade por todas as equipas por onde tem passado. Tem uma personalidade completamente oposta à de Donner, bem disposto e sem precisar de um estilo militar para ser um líder. Como nos dizia uma jogadora do plantel,? O Florêncio é motivador, exigente e é o ombro quando precisamos dele. E não foi fácil quando ele chegar nós o respeitarmos como ao Donner, mas hoje não o trocávamos??
Colégio João de Barros: O treinador Paulo Félix colocou como fasquia para esta época fazer melhor do que na época anterior. Nós acreditamos que é um objectivo possível e que o Colégio João de Barros irá lutar, ombro a ombro, com o Gil Eanes pelo segundo lugar, podendo discutir os jogos com o Madeira Sad tal como fez na época passada. Infelizmente, acreditamos que isso acontecerá mais pela baixa do Gil do que pela subida do CJB já que perderam duas jogadoras bastante importantes: Bárbara Teixeira e Ana Marques. O regresso de Carolina Costa e a contratação de Beatriz Santos eram aguardados com muita expectativa mas nenhuma delas parece ainda em grande forma. É, provavelmente, a equipa com melhor compleição física do campeonato e a sua defesa 6-0 um desafio muito difícil de resolver para quase todas as equipas do campeonato. Pena não apostarem mais no contra-ataque.
A estrela: Inês Catarino. Na época passada, Maria Pereira foi a grande figura da equipa e a jogadora de maior cartaz mas nesta primeira fase da competição foi a esquerdina Inês Catarino que esteve em maior evidência. Uma das jogadoras menos espectaculares na forma de jogar, mas de uma eficácia enorme. Tem um remate de primeira linha muito eficaz e é bastante inteligente nas opções que toma, o que compensa alguma falta de mobilidade. Uma das jogadoras mais humildes e simpáticas do campeonato, merece a grande época que tem vindo a fazer.
As outras 2 figuras: Maria Pereira e Helena Corro. Maria Pereira é o grande nome desta equipa, mas tem andado algo apagado neste início de época, veremos se nos reserva o seu melhor para a fase final. Impressionante a capacidade de arranque e o seu remate exterior, além de ser uma excelente defensora fazem dela, uma das melhores jogadoras portuguesas. Helena Corro sempre foi conhecida por ser uma das melhores defensoras do campeonato mas na última época revelou enormes progressos e agora é uma das melhores armas ofensivas.
Treinador: Paulo Félix. Um dos treinadores mais discretos da competição, mas um dos melhores treinadores. Tacticamente é de uma enorme riqueza e consegue rentabilizar ao máximo as jogadoras que tem. Revela uma boa frieza no banco, embora por vezes também alguma insensibilidade em relação a algumas questões das jogadoras. Pegando em palavras de uma jogadora do CJB,? O Né (Paulo Félix) consegue incutir-nos uma mentalidade ganhadora e isso foi fundamental para chegarmos onde chegámos?.
Juve Lis: Muitos pensaram que com a saída de algumas jogadoras importantes na equipa, A Juve Lis perderia qualidade, mas esqueceram-se que esta equipa é muito jovem e tem bastante margem de progressão. Tem uma enorme versatilidade defensiva e é, sem dúvida, uma das melhores defesas do campeonato. No ataque, superam algumas lacunas com uma organização muito rígida, o que faz desta equipa a menos espectacular de todas as equipas presentes na fase final. Mas isso não impede de acreditarmos que voltará a repetir o 4º lugar da época passada, embora necessite de uma subida de produção de Diana Pereira.
A estrela: Gizelle Carvalho. Um exemplo de como a baixa estatura não é impedimento para se ser uma jogadora de grande qualidade. Raça, capacidade defensiva e facilidade de deslocamento fazem de Gizelle Carvalho a jogadora mais decisiva da equipa e aquela jogadora que é intocável para André Afra. Quem pensava que, ao chegar ao escalão de sénior, Gizelle Carvalho perderia protagonismo enganou-se.
As outras 2 figuras: Telma Amado e Inês Silva. Telma Amado tem sido a grande surpresa desta época. Aproveitou muito bem a saída da pivot Mariama Sano (com a qual repartia minutos a temporada passada) e tem feito uma grande época, fazendo esquecer Mariama. Inês Silva ainda não explodiu como a época passada, mas é como o algodão, não engana. É uma jogadora ao estilo de Maria Pereira, menos possante mas mais ágil. Esperemos que a rigidez táctica de André Afra não limite a criatividade de uma jogadora que tem um grande potencial.
O treinador: André Afra é o mais odiado dos treinadores desta fase final. Se falarmos de um treinador simpático, Afra não é. Se falarmos de um treinador respeitador dos adversários e do fair-play, Afra não é. Se falarmos de um jogador com espírito de diálogo, Afra não é. Mas se falarmos de um treinador de grande qualidade e capaz de conseguir excelentes resultados, Afra é um excelente exemplo e nunca nos cansamos de elogiar o excelente trabalho que vem fazendo não apenas na equipa senior mas nos outros escalões do clube. Das 4 equipas que já falámos, a Juve Lis é a única que tem escalões de formação de qualidade e André Afra tem grande responsabilidade nisso. Mas voltando à personalidade de Afra, uma jogadora dizia que? Pintam-no, como se fosse o mau da fita mas ele defende sempre as jogadoras e é um grande treinador!?
Alavarium: Por falar em escalões de formação de qualidade, o Alavarium é o clube que se segue. A equipa sensação da época passada tem este ano uma prova de fogo, procurando mostrar que não foi um mero acaso o que aconteceu. O seu sistema defensivo é dos mais eficazes da competição apesar da baixa estatura das suas jogadoras e é provavelmente a equipa que melhor faz contra-ataque em Portugal. Os reforços Ana Marques e Lisa Antunes têm dado muita qualidade a esta equipa. A par do Maiastars, é a equipa com mais público no seu pavilhão, o que cria sempre ambientes interessantes nos jogos em casa. Acreditamos que podem repetir a gracinha da época passada e conquistar o acesso a uma competição europeia.
A estrela: Cláudia Correia. A melhor marcadora do campeonato da época passada tem talento para dar e vender. É explosiva como ninguém em Portugal e da sua mão saem autênticos mísseis em relação à baliza contrária. Com o estilo de jogo de contra-ataque do Alavarium, Cláudia Correia sente-se como peixe na água para o seu jogo intuitivo e rápido. É das jogadoras que trazem público para o andebol pela espectacularidade que coloca em cada lance. Tem na sombra a jovem estrela aveirense Mariana Lopes que é uma dos grandes talentos nacionais e começa agora a despontar.
As outras 2 figuras: Ana Marques e Filipa Fontes. Ana Marques, algo apagada na última época do CJB, parece renascida e tem estado em excelente plano. Com uma envergadura muito rara para uma ponta, os seus contra-ataques têm sido uma constante e é uma das grandes armas da equipa de Aveiro. Filipa Fontes é por quem passa todo o jogo do Alavarium e uma autêntica mestre das assistências. É das raras centrais de qualidade do andebol português e capaz de fazer um pouco de tudo dentro de campo.
O treinador: Ulisses Pereira. Além do andebol, é bastante conhecido pelos comentários de poker que faz na TV portuguesa. Aposta numa rotação muito grande da equipa, o que motiva as jogadoras de menor qualidade, mas causa alguns calafrios em alguns jogos, mas parece ser essa a sua filosofia de jogo. Dele se diz que é dos treinadores que mais tempo perde a estudar as equipas adversárias, na análise de vídeo. Segundo uma atleta do Alavarium:? O Ulisses é sempre bem divertido e um pequeno génio. Antes dos jogos, cada jogadora adversária é observada à lupa e quem se esquecer de alguma regra para o jogo, minutos antes do jogo, já não é utilizada?
Alcanena: Pela primeira vez no escalão sénior, os olhos dos amantes do andebol feminino estão sobre esta equipa que tem tido resultados fantásticos na formação. Como será a adaptação à realidade sénior? Até agora, os resultados têm sido óptimos mas resta saber como será quando chegarem os testes a sério. Uma coisa nos parece certa: Esta é uma das equipas de futuro do andebol português mas já no presente podem ter bons resultados, acreditamos que ficarão a um lugar de conseguirem as competições europeias. Talvez o calcanhar de Aquiles seja no posto de Guarda-redes.
A estrela: Vanessa Oliveira. Quando muitos pensavam que seriam outras jogadoras a destacar-se, a grande estrela tem sido Vanessa Oliveira, de apenas 16 anos. As suas capacidades atléticas são extraordinárias, a sua impulsão é espantosa e, apesar da sua tenra idade, revela uma enorme maturidade na forma como aborda o jogo. Um talento puro.
As outras 2 figuras: Neuza Valente e Adriana Laje. Uma das melhores rematadoras do andebol português jovem, enfrenta no escalão de seniores a dificuldade face a defesas bem mais implacáveis. Mas por agora tem superado no teste, apesar de algumas dificuldades de mobilidade que apresenta. Se perder uns quilos, Neuza Valente pode marcar a diferença na fase final. Adriana Laje faz da sua altura e inteligência as maiores armas do seu jogo. Ao contrário de Neuza Valente, a sua falta de peso vai trazer-lhe problemas na fase final perante defesas muito poderosas, mas estamos certos que a sua inteligência fará com que ela saiba ultrapassar essas situações.
O treinador: Marco Santos. Que grande trabalho está a fazer em Alcanena, conseguindo destronar o Maiastars em termos da liderança da formação do andebol feminino. De temperamento explosivo, tem uma liderança muito firme e um ego gigante, o que nem sempre é bem visto pelos seus pares dada a sua falta de humildade. Talvez esta passagem pelo andebol sénior lhe faça bem a esse nível. Segundo uma jogadora que trabalha com Marco Santos há muitos anos,? O Marco dá tudo o que tem e não tem. É um grande treinador e as pessoas têm que compreender algumas frases a quente porque ele tem uma enorme vontade de vencer.?
Sports Madeira: Depois de nos últimos anos terem ficado de fora da fase final por culpa da concorrência apertada na zona Sul, o Sports Madeira tem agora a oportunidade de mostrar a boa formação que se faz pela Madeira. A equipa tem uma qualidade técnica muito acima da média, mas não têm a mesma qualidade defensiva, o que pode criar problemas nesta fase. Em sua casa, são uma equipa muito forte, impondo um ritmo de jogo alucinante e podem ganhar a qualquer equipa.
A estrela: Sara Gonçalves. Já quase uma veterana, mas os anos parecem não passar por esta ponta esquerda. Muita experiência, muita técnica e, no meio de tanta juventude, é a verdadeira líder desta equipa, incentivando quando tem que incentivar e puxando as orelhas quando tem que puxar.
As outras 2 figuras: Mónica Soares e Ana Temtem. Mónica Soares foi contratada pelo Madeira Sad, está emprestada ao Sports Madeira. Talvez a melhor jogadora da sua geração, é uma jogadora muito completa, capaz de rematar de 1º linha ou, através de fintas, arrancar inúmeras exclusões. É tão talentosa que nem o facto de jogar pela primeira vez na equipa sénior a deve impedir de fazer um grande campeonato. Ana Temtem é um produto do andebol madeirense e tem uma técnica notável, esperando-se dela uma época em que possa progredir bastante.
O treinador: Vítor Rodrigues. É, provavelmente, o treinador mais discreto das equipas presentes na fase final mas isso não é um mau sinal, já que o seu perfil discreto afasta-o das polémicas e não o impede de fazer um bom trabalho com esta equipa. Bem disposto, afável e com uma relação bastante boa com as suas atletas, é um treinador apaixonado pelo andebol rápido, embora sejam as falhas defensivas das suas atletas que o põem com os cabelos em pé. Segundo uma jogadora madeirense, ?O nosso treinador cria sempre um bom clima nos treinos e isso é importante para que gostemos de aqui estar.?
Colégio de Gaia: Estamos certos que seremos muito criticados por prognosticarmos o 8º lugar como o lugar do Colégio de Gaia, mas é a nossa profunda convicção, a menos que Ana Pereira consiga ser inscrita (esta possante jogadora tinha contrato com o Maiastars que não lhe quer conceder a desvinculação). A equipa perdeu duas jogadoras determinantes, Andreia Ramos e Maria Domingues, e não conseguiu encontrar substitutas à altura. Contudo, a equipa parece estar a jogar sem pressão e pode conseguir surpresas, mas o plantel parece-nos demasiado curto para aguentar uma fase final duríssima.
A estrela: Helena Soares. Quem olha para a sua fisionomia está longe de imaginar que é uma das melhores pivots portuguesas. Um enorme sentido de desmarcação, uma facilidade de recepção e uma garra que a faz superar a baixa estatura, fazem com que Helena Soares seja a grande figura deste Colégio de Gaia. Fiel ao seu clube, tem rejeitado outras tentadoras propostas e o seu rendimento não pára de crescer. É também uma excelente roubadora de bolas no sistema defensivo.
As outras 2 figuras: Fernanda Carvalho e Vanessa Silva. Fernanda Carvalho é uma das veteranas do andebol português mas até fisicamente nos últimos anos nunca pareceu tão em forma como nesta época. Uma exímia defensora, alia isso a muita maturidade ofensiva e muita? Matreirice? Que a fazem uma das jogadoras mais consistentes do campeonato. Quanto a Vanessa Silva, o ano passado teve muitas dificuldades na adaptação ao regresso a Portugal mas esta época parece estar já mais confiante e é uma arma importantíssima, sobretudo quando defronta defesas mais recuadas em que o seu poder de fogo se faz sentir.
A treinadora: Paula Castro. Foi a seleccionadora que levou à única qualificação para um Campeonato da Europa. É uma mal-amada no nosso andebol mas tem um currículo invejável. Tem um enorme conhecimento do nosso andebol e isso é uma enorme vantagem quando se trata de anular as armas adversárias. O seu grande problema são as falhas de liderança, dadas as dificuldades em se impor e a pouca exigência nos treinos. Segundo uma jogadora do Colégio de Gaia? A Prof. é demasiado boa pessoa para se impor. Mas no fundo, no fundo, nós todas a respeitamos.?
Maiastars: Recusamos a chamar de Maiastars B, à principal equipa do clube que só tem este nome para fugir ao grupo das equipas da Madeira. Um sensacional empate no reduto da Juve Lis deu o apuramento in extremis. Uma equipa que assenta o seu jogo numa defesa possante, num andebol rápido mas sem combinações atacantes que possam criar desequilíbrios. O grande problema tem sido o baixo rendimento de Sara Torres (de quem se esperava muito) e a lesão da jovem Josiane. Pensamos que o Maiastars também conseguirá assegurar a manutenção mesmo em cima da meta.
A estrela: Olinda Leal. A veterana jogadora mantém-se a jogar a um nível fantástico. Notável capacidade de liderança, uma visão de jogo soberba são as melhores características de uma equipa muito jovem mas que tem na sua mais velha jogadora, aquela que verdadeiramente faz a diferença.
As outras 2 figuras: Ana Silva e Marta Aleixo. Ana Silva consegue compensar a sua estatura muito baixa com uma excelente capacidade de finalização. Parece já mais adaptada à realidade do escalão sénior e está muito mais regular do que na época passada. Quanto a Marta Aleixo, a possante pivot começa a criar mossa no ataque, com um espírito de luta assinalável e a facilidade em sair para o contra-ataque impressiona.
O treinador: José Carlos Ribas. Um grande clube de andebol feminino foi criado por José Carlos Ribas que é um fantástico clube de formação, muito bem estruturado. Responsável pelo desporto na Câmara da Maia, não tem papas na língua, é uma pessoa controversa, até pela forma agressiva e de disciplina quase militar que impõe. Tal como já dissemos, pensamos que deve ser motivo de reflexão por que razão as melhores jogadoras da formação do Maiastars querem sair quando chegam a seniores. José Carlos Ribas é um grande treinador de formação mas parece-nos que ao nível sénior tem que promover algumas alterações, já que os métodos têm que ser diferentes.
Cale: O Cale é a grande surpresa entre as dez equipas. Aproveitando muito bem a formação do clube, a equipa de Leça faz da sua agressiva defesa a sua melhor arma. Atitude e garra são características das jogadoras do Cale que nunca desistem e o empate no reduto do Colégio João de Barros (que lhes acabou por valer a qualificação) é bem prova disso tendo conseguido recuperar vários golos de desvantagem nos últimos minutos. O calcanhar de Aquiles desta equipa é as suas Guarda-redes e julgamos que, apesar de todo o sucesso até ao momento, é a equipa candidata à descida de divisão. Mas irão lutar até ao final, como é seu timbre.
A estrela: Ana Paula Costa. É difícil destacar uma estrela numa equipa que vale pelo seu colectivo, mas Ana Paula Costa parece estar mais madura e tem feito uma excelente época, quer ao nível dos remates exteriores, quer ao nível da ligação com a pivot. Parece-nos mais estável mentalmente e esta está a ser a sua época de afirmação no escalão sénior.
As outras 2 figuras: Joana Santos e Sofia Osório. Joana Santos tinha tudo para ser uma excelente jogadora, mas o seu excesso de peso limita o seu rendimento. Ainda assim é a jogadora que pode desequilibrar, consegue muitas penetrações e exclusões nas adversárias. Quanto a Sofia Osório é uma jovem jogadora, tecnicamente muito dotada, muito corajosa, ainda frágil fisicamente, mas cuja irreverência é uma boa amostra do que é esta equipa do Cale.
Treinador: Vasco Ramos. Excelente trabalho de Vasco Ramos que tem uma equipa à sua imagem: agressivo, ambicioso, bastante contestatário. Vasco Ramos é um jovem treinador que tem feito um bom trabalho na formação do Cale e que não tem papas na língua. Raramente consegue terminar um jogo sem um cartão amarelo, sinal da sua postura agressiva no banco. Como diz uma jogadora da equipa de Leça ?Jogo sem cartão amarelo do Vascão, não é jogo. Mas ele é mais ?fogo de vista? porque até é uma pessoa bastante calma, apesar de toda a emoção que coloca no jogo.?
Esta foi a análise detalhada às 10 melhores equipas portuguesas. Como sempre, seguiremos a passo e passo todas as jornadas da Fase Final. O verdadeiro campeonato começa agora!
Críticos Femininos